Houve um tempo que a saúde do DF era referência para o resto do país. Não havia mágica, havia gestão. Era o tempo de Jofran Frejat.
Por quatro vezes o médico-cirurgião, pós-graduado pela Universidade de Londres em 1972, titular do Colégio Brasileiro de Cirurgiões, da Sociedade Brasileira de Mastologia, do Colégio Internacional de Cirurgiões, foi Secretário de Saúde do DF.
Um homem que tinha a profissão como um sacerdócio. Mesmo com cinco mandatos de deputado federal, a atuação de Frejat, quanto politico, era 100% voltada para a saúde ou para a defesa dela.
Foi também neste longo período de militância médica e de comprometimento com a saúde das pessoas, que Frejat construiu a maior e mais eficiente rede de saúde pública da “capital da esperança”.
O embrionário Sistema Único de Saúde (SUS) e Assistência de Atenção a Saúde, idealizada e implantada por ele, funcionava para ricos e para pobres.
Isso tudo em uma época que a saúde nem imaginava ainda ser contemplada com parte do Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF), criado em 2003.
Frejat faleceu em novembro de 2020. Deixou um baita legado na saúde pública.
No entanto, muito antes de sua morte, o sistema definhou e foi se corroendo em meio a gestões desastrosas de seguidos secretários.
E nem adianta ser o gestor, seja ele de carreira da própria pasta, como é a atual secretária Lucilene Florêncio, ou um médico militante, como Osnei Okumoto e/ou ainda um general de brigada do Exército Brasileiro, como Manoel Pafiadache, .
A saúde do DF, “no pós Frejat”, continua sendo um dos maiores gargalos de qualquer governo e calcanhar de aquiles de qualquer governante.
Basta olhar para a interminável fila em busca de uma cirurgia eletiva onde pessoas se concentram como gado a caminho do abatedouro.
Segundo dados da própria Secretaria de Saúde, existem atualmente cerca de 30 mil pessoas a espera da cirurgia eletiva.
O estado de Goiás, com o dobro da população do DF, tem muito menos: 15 mil pessoas esperando pelos mesmos procedimentos.
O Sisreg III, sistema da Secretaria de Saúde para organização da fila de solicitações de exames, consultas, procedimentos e cirurgias eletivas, a cada ano, anda sobrecarregado, mesmo com a saúde respirando bem mais tranquila, sem as enchentes de leitos e corredores dos hospitais entupidos de paciente acometidos pelo coronavírus, como 2020/2021.
Fica cada vez mais claro que o problema da saúde do DF, não é apenas de recursos financeiros, como se estivesse o tempo inteiro com o pires na mão.
Só do Fundo Constitucional do DF (FCDF) a Secretaria de Saúde tem a sua disposição para gastar, em 2023, R$ 7,14 bilhões.
A pasta é um dos órgãos mais aquinhoado, nos últimos anos, por um gordo orçamento.
No entanto, grande parte da grana tem retornado à Secretaria de Economia por falta de execução.
Os próprios parlamentares distritais e federais, que disponibilizam recursos de suas emendas para a Secretaria de Saúde, chegam a reclamar pela falta do uso do dinheiro.
Esse ano, entre emendas de deputados distritais, deputados federais, além de senadores, a saúde do DF deve receber mais de R$50 milhões para diminuir a fila das cirurgias eletivas e compra de equipamentos.
Será o ano da prova de fogo da capacidade de gestão, pilotada pela secretária Lucilene Florêncio, que ainda não foi sentida pelo governo, diante da enorme fila de gente que busca pelo socorro médico.
Que saudade da era Frejat!