As últimas 24 horas, encerradas nesta sexta-feira (05), com o fim do prazo para as realizações das convenções partidárias, o cenário político do Distrito Federal, foi transformado em um verdadeiro cabaré de cego.
O jogo político revelou, pragmatismo, trairagem sem burka, puxada de tapetes e traquinagens. O jogo também apontou quem foi bem-sucedido na busca de aliados e os que saíram derrotados pelo mal jogo.
As últimas horas foram cruciais para definir as candidaturas majoritárias para o Buriti e as candidaturas para as eleições proporcionais de deputado federal e deputado distrital.
Partidos como o MDB, PP, PL se aliançaram no último dia 31, em torno da reeleição do governador Ibaneis Rocha(MDB), em meio a uma grande festa que reuniu mais de 10 mil militantes, no Centro de Convenções Ulisses Guimarães.
Ibaneis Rocha está disparado na frente em todas as pesquisas de intenção de votos e deve consolidar a vitória no primeiro turno das eleições.
O governador fará uma campanha com Flávia Arruda(PL) e Celina Leão(PP), carregando, também, a partir do dia 15 de agosto, a bandeira de reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), que assim como Ibaneis, continua em alta em meio ao eleitorado do DF.
Fim da novela
A novela estrelada pelo senador Reguffe chegou ao seu capítulo final na noite da última quarta-feira(4).
Reguffe ficou embromando, embromando, até o último momento sem dizer se seria realmente candidato ao GDF. Levou à loucura, o União Brasil e seus apoiadores pela falta de decisão.
A experiente ex-deputada Elina Pedrosa, que foi candidata ao Buriti, em 2018, e agora tenta a Câmara Federal, disse que nunca tinha visto uma coisa dessa.
Há quem diga que o jeito torto encontrado por Reguffe, para sair de cena, foi um tapa na cara e uma traição aos seus mais de 800 mil eleitores que votaram nele em 2014.
Muitos esperavam que ele tivesse a coragem de fazer um voo mais alto.
Se com os eleitores ele ficou mal na fita, com o seu partido ficou pior ainda, ao gravar um vídeo afirmando que “forças ocultas” do União Brasil estariam impedindo que ele fosse candidato a governador.
Acusou ainda os dirigentes do seu partido, União Brasil, de estarem fazendo “negociações subterrâneas”. Foi a gota d’água.
De protagonista da cena política, Reguffe enterrou a sua trajetória para ser cabo eleitoral de Leila Barros, candidata ao GDF pelo PDT.
A decisão de Reguffe fez com que o presidente do União Brasil, Manoel Arruda, anunciasse apoio a reeleição de Ibaneis Rocha(MDB).
Derrapada de PO
Quem também protagonizou uma derrapada difícil de ser compreendida, foi Paulo Octávio, presidente do PSD, ao deixar grupo político liderado por Ibaneis.
Jogou errado ao ter perdido a chance de aceitar a vice da chapa do governador, quando a ele foi oferecida.
PO esnobou o convite. Quando tentou aceitar, a vaga já era tarde, estava ocupada pela presidente do PP, deputada Celina Leão.
Daí o motivo para anunciar a sua candidatura ao Buriti, plenamente ciente das dificuldades que poderão aparecer no seu caminho até às urnas.
A começar pelo fato mais preocupante no que se refere a uma condenação, decretada em 1ª instância, que o levou à inelegibilidade por 10 anos.
Se a condenação for confirmada pela 2ª instância, Paulo Octávio ficará fora do jogo.
Como na política tudo pode acontecer, os esforços de PO e do PSD, estão concentrados para eleger o filho dele, André Kubitschek, a deputado federal.
Os “candidatos não kubitscheks” já se sentem como escadas prontas para o garoto subir.
Abraço de afogados
A federação PSDB-Cidadania escolheu também ontem, o senador Izalci como candidato ao GDF.
No entanto, a deputada federal Paula Belmonte(Cidadania), não engoliu a escolha e a brigalhada segue entre os dois no meio da federação rachada.
No atual contexto, a deputada Belmonte, que sonhou com um voo mais alto, não sabe se vai ou não disputar a Câmara Federal, onde cumpre os últimos meses do seu mandato.
Chapa puro-sangue
O PDT anunciou oficialmente a senadora Leila do Vôlei como candidata oficial ao GDF, tendo o ex-deputado Joe Valle, também do PDT, como vice.
A chapa puro-sangue segue até agora sem candidato a senador.
A principal imagem da convenção pedetista, foi do atual vice-governador do DF, Paco Brito (Avante) que parece ter se bandeado para a oposição, após ter jurado fidelidade a Ibaneis.
Paco teve lugar a mesa ao lado de Leila, ouviu críticas ferozes contra o governo que ele continua fazendo parte.
É como o Buriti já previa. As burkas dos infiéis, cairão antes do sétimo dia.
Candidatura avulsa
Sem perder tempo, o União fechou aliança com o Republicanos.
A ex-ministra Damares Alves(Republicanos), foi lançada candidata avulsa ao Senado, e Manoel Arruda, presidente do União Brasil, como suplente. Ambos irão informalmente com Ibaneis.
Nesse caso, o governador terá duas candidaturas ao Senado. A oficial é Flávia Arruda(PL) que não gostou nem um pouco da candidatura avulsa de Damares.
Flávia acredita que isso irá dividir os votos bolsonaristas. Mas essa é outra história.
Madalena arrependida
O Republicanos, que até a tarde de quinta-feira estava promovendo a maior traquinagem ao seu estilo, ao se aproximar da naufragada candidatura de Reguffe, pensou, pensou e voltou aos braços de Ibaneis como “madalena arrependida”.
Afinal, o partido está na estrutura do governo, desde o início da gestão, com três secretarias de Estado e mais três Administrações regionais.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios jornalísticos e políticos da capital federal. Siga o #RadarDF