A comissão de Transição de Governo, coordenada pelo vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), não pretende colocar as mãos em um vespeiro, que blinda com garras e ferrões, o intocável orçamento secreto, instrumento criado pela Câmara dos Deputados.
A pedra no meio do caminho, que impede o presidente eleito, Luis Inácio Lula da Silva, de cumprir a promessa de acabar com o orçamento secreto, é que ele será tão refém do Congresso Nacional, como Bolsonaro foi.
Lula precisa que o legislativo aprove a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição e amplie o Orçamento de 2023.
Sem isso, o presidente eleito pode iniciar o governo, a partir do dia 1º de janeiro, com a imagem arranhada, por não ter condições de continuar pagando o Auxílio Brasil de R$600.
Também não poderá cumprir a promessa do aumento do salário mínimo acima da infração.
Dificilmente os deputados irão abrir mão da modalidade das emendas do relator, batizadas como orçamento secreto, criado em 2019 e passando a valer a partir de 2020.
Durante a campanha eleitoral, Lula acusou Bolsonaro de ser o pai das emendas do relator.
Entre 2020 e 2022 os recursos chegaram a R$ 44 bilhões.
As indicações de verbas são feitas por deputados e senadores sem a necessidade de identificação.
E foi aí que começou a farra dos desvios dos recursos públicos, sem as digitais de seus autores.
No mês de outubro desse ano, a Polícia Federal cumpriu mandados judicias após investigar um esquema criminoso, envolvendo o recursos do orçamento secreto.
Várias prisões ocorreram no Maranhão e no Piauí.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios jornalísticos e políticos da capital federal. Siga o #RadarDF