Tirando o esforço de Jane Klébia (MDB), única deputada distrital a querer explicações e apuração dos fatos, que envolvem o deputado distrital Daniel Donizet(PL), acusado por supostos crimes praticados contra mulheres, não se ver nenhuma outra manifestação em torno das denúncias contra o parlamentar.
Nem por parte dos 19 deputados distritais, que compõem o plenário, e pior ainda: nem pelas três outras deputadas que preferem o silêncio dos mortos.
Se as filiadas do Partido Liberal, legenda comandada no DF pela deputada federal Bia Kicis, exigiram que o distrital se explique, sobre a sequência de casos horrorosos como a suruba coletiva dentro de um motel, que terminou em espancamento de uma “garota de programa”, deputadas como Paula Belmonte, Jaqueline Silva e Deyse Amarilio continuam caladas, mesmo diante das denúncias de assédios sexuais, que teriam sidos cometidos por Donizet contra servidoras da própria Câmara.
Uma funcionária e outra ex-funcionária da CLDF criaram coragem e formularam denúncia contra o distrital em oitivas instauradas pelo Ministério Público do DF.
Enquanto isso, setores da CLDF parece empurrar o caso para debaixo do tapete sob o argumento de que se faz necessário esperar pelo envio de um inquérito instaurado pela Polícia Civil que nunca chega.
Desde a criação da Câmara Legislativa do Distrito Federal, ocorrida em janeiro de 1991, até a presente data, apenas a ex-distrital Eurides Brito, flagrada enfiando dinheiro na pochete, foi processada e cassada em 2010, por participar do esquema de corrupção chamado de mensalão do DEM.
Fora esse caso, a história mostra que o corporativismo entre a maioria dos deputados distritais continua sendo quase como um pacto de sangue, na base do tú não mexe comigo, eu não mexo contigo.
Parece não se importarem em dividir mal-feitos praticados por colegas, mesmo aqueles repudiados por toda a sociedade, como crimes praticados contra mulheres.
É comum se vê deputados fazendo discursos inflamados em defesa da mulher.
Esse final de semana o deputado Jorge Vianna(PSD), apareceu em um evento vestindo uma camisa azul como os seguintes dizeres: “Mexeu com elas, mexeu comigo”. Bela frase.
Mas isso parece ficar apenas na camisa que veste.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF