Radar Político/Opinião DIREITO DE RESPOSTA

Radar Político/Opinião Por Toni Duarte Por dentro dos bastidores da política brasiliense.

O ASSUNTO É

O jogo eleitoreiro de Ricardo Cappelli e Rollemberg no Sol Nascente

Publicado em

Em 2018, o então governador do Distrito Federal, Rodrigo Rollemberg (PSB), tentou demonstrar aproximação ao andar de carroça pelas ruas do Sol Nascente, uma das maiores comunidades periféricas do Distrito Federal.

O episódio ocorreu durante a campanha eleitoral, um movimento que parecia ser planejado para atrair a simpatia do então degastado governador.

Porém, a escolha do local causou indignação.

Pouco tempo antes, o então governo Rollemberg havia autorizado a remoção violenta de centenas de casas na mesma região e aproveitou para derrubar templos evangélicos da pobre comunidade.

As derrubadas ilegais praticadas pela ex-AGEFIS, incluíam, no mesmo pacote, as agressões, humilhações e prisões contra cidadãos que reclamassem de algum direito, deixando para trás famílias hipossuficientes desabrigadas.

Como pode alguém pedir voto do eleitor e, ao mesmo tempo, assistir de camarote o seu massacre?

Naquela eleição, a lembrança dessas tragédias ainda estava presente entre os moradores, que não se deixaram convencer pelo gesto de última hora de um governante que, mesmo chicoteando o povo, acreditava que permaneceria no poder.

Como consequência, Rollemberg não foi reeleito, o que muitos atribuem à falta de conexão entre as promessas de campanha e a realidade das políticas aplicadas durante a sua gestão.

Agora, a história parece estar se repetindo em uma nova versão, desta vez com Ricardo Cappelli.

Ele, que é presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e membro do PSB de Rollemberg, anunciou demagogicamente em uma rede social que planeja deixar seu “conforto de luxo” para morar por uma semana no Sol Nascente.

Carppelli quer fazer mais que Rollemberg: andar de carroças, almoçar e jantar todos os dias no restaurante popular pagando 1 real e morar de “goteira” na casa de algum morador.

A iniciativa foi apresentada por ele como uma tentativa de se aproximar mais da comunidade, já que nunca morou no DF e pouco conhece a sua população.

Ao se apresentar como possível candidato ao governo do Distrito Federal em 2026, Ricardo Cappelli aposta na estratégia semelhante à de seu companheiro Rodrigo Rollemberg.

A tática de se mudar temporariamente para comunidades carentes, usada por políticos oportunistas, visando se dar bem em uma eleição, levanta desconfianças sobre autenticidade.

Além de soar como jogadas de marketing, é considerado um deboche. 

O Sol Nascente começou como uma ocupação irregular e sem grandes expectativas, sendo marcado por anos de abandono e falta de atenção do poder público.

Essa realidade, durante muito tempo, fez com que a comunidade enfrentasse desafios como precariedade na infraestrutura, ausência de serviços básicos e exclusão das políticas governamentais.

A partir de 2019, a região começou a ser beneficiada com a regularização fundiária e melhorias na infraestrutura.

Essas mudanças representaram um marco importante para os moradores, que finalmente passaram a deixar de ser invisíveis para as políticas públicas e a conquistar mais dignidade e acesso a direitos fundamentais.

Dessa forma, a história do Sol Nascente mostra que os votos da população não se baseiam em “macaquices políticas”, mas sim em compromissos reais.

*Toni Duarte é jornalista e editor/chefe o Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF

Siga o perfil do Radar DF no Instagram
Receba notícias do Radar DF no seu  WhatsApp e fique por dentro de tudo! Entrar no grupo

Siga ainda o #RadarDF no Twitter

Receba as notícias de seu interese no WhatsApp.

spot_img

Leia também

A “desdolarização” e o futuro da ordem econômica internacional

Desde a guerra na Ucrânia, as discussões sobre uma redução da dependência do dólar nos sistemas financeiro e comercial internacionais ganham força, especialmente no mundo em desenvolvimento, o qual almeja aumentar sua segurança nas relações econômico-financeiras internacionais.

Mais Radar

Jane Klebia convoca jornalistas para se posicionarem contra racismo

Deputada distrital, Jane Klebia, negra e ex-delegada, lidera a luta contra racismo e machismo, celebrando o Dia da Imprensa e pedindo o engajamento de jornalistas éticos na defesa da democracia e igualdade.

Deputado Rogério exalta lealdade a Ibaneis e Celina Leão para 2026

Rogério Morro da Cruz reafirma lealdade à base aliada de Ibaneis Rocha e Celina Leão para 2026, mesmo com a fusão do PRD ao Solidariedade, destacando o compromisso com o desenvolvimento do DF e a eleição de ambos.

Gatunagem no INSS derruba popularidade de Lula e sinaliza derrota em 2026

Lula teme derrota em 2026 com desaprovação recorde de 57%, impulsionada pelo escândalo de R$ 6 bilhões roubados de aposentados no INSS, sem punições ou devoluções, abalando sua base eleitoral.

Eles fazem “código de silêncio” contra roubo de R$ 6 Bi dos aposentados

Omertà política no DF: Gabriel Magno, Chico Vigilante, Ricardo Vale, Fábio Félix, Max Maciel, Erika Kokay, Reginaldo Veras e Leila do Vôlei calam-se diante do roubo de R$ 6,3 bi dos aposentados, o maior assalto contra os idosos do Brasil.

Porrada e calote: era assim que PT e PSB tratavam professores do DF

Governos de Agnelo (PT) e Rollemberg (PSB) trataram os professores com calotes e repressão. Um período desastroso para os servidores públicos e para a população do DF, marcado por abandono e autoritarismo.
- PUBLICIDADE -

Últimas do Radar Político