Dono da maior fatia dos fundos Partidário e Eleitoral, Valdemar da Costa Neto, presidente nacional do Partido Liberal, não quer saber da candidatura de Bia Kicis ao Senado, como vem pregando por aí.
Valdemar exigiu que a presidente do PL do Distrito Federal seja candidata novamente à Câmara dos Deputados e tente ajudar a eleger ao menos um parlamentar, como ocorreu na eleição de 2022.
A orientação foi dada sem rodeios, durante reunião recente do partido em Brasília. Para Valdemar, a única candidatura ao Senado do PL no DF atende pelo nome de Michelle Bolsonaro, e fim de papo.
A decisão não é ideológica. É matemática, simplesmente assim.
O PL, partido do ex-presidente Jair Bolsonaro, “guardou” até agora, para o ano eleitoral, o equivalente a R$ 190,4 milhões repassados pelo TSE até o fim de novembro deste ano.
Com 99 deputados eleitos em 2022 (cerca de 19,3% das 513 cadeiras), o PL embolsou R$ 886,8 milhões, a maior parte dos quase R$ 5 bilhões, do “fundão”.
Um partido na Câmara dos Deputados fatura cerca de R$ 8,96 milhões por cada parlamentar. Quanto o maior número, maior é a bolada.
No entanto, o caixa pode murchar. O Partido Liberal pode perder mais deputados federais em decorrência dos desdobramentos da prisão de Jair Bolsonaro, especialmente com o aproveitamento da janela partidária de 2026.
Nesse período, parlamentares eleitos pelo sistema proporcional podem trocar de partido sem perder o mandato por infidelidade partidária.
É o que deve fazer o deputado Alberto Fraga. Ele deve migrar para o PSD do inelegível Arruda, na esperança de se reeleger, já que, sem Bia Kicis disputando a proporcional, a conta do coeficiente eleitoral não fecha. Ele não possui votos suficientes para tal.
O senador Izalci Lucas, nesse mesmo encontro com Valdemar, também bateu o pé e exigiu que só ficará no PL caso o número “2222”, que pertence à Bia Kicis, seja repassado a ele e não a Thiago Manzone. Fora isso, também deve bater asas do partido.
Olhando para trás, o PL já não é o mesmo desde 2022, quando se tornou a maior bancada da Câmara, com 99 deputados.
Perdeu musculatura após migrações, expulsões, cassações e sobras eleitorais ao longo da legislatura.
Casos mais recentes incluem Eduardo Bolsonaro e Alexandre Ramagem, além da saída de Ricardo Salles para o Novo e outras debandadas ao PP e Republicanos.
A prisão de Bolsonaro aprofundou o inferno astral da legenda. O projeto de crescer para mais de 100 deputados em 2026 ficou comprometido.
Enquanto Valdemar tenta estancar as perdas, Bia Kicis insiste em nadar contra a corrente, disposta a transformar o PL do Distrito Federal em uma sigla politicamente insignificante.



