Nos últimos três anos, o Distrito Federal (DF) enfrenta uma escalada de um mercado criminoso que cresce sem freios: o roubo e a comercialização de fios de cobre.
Esse esquema, que reúne desde “ladrões pés de chinelo” até receptadores e exportadores, opera com uma sofisticação que desafia as autoridades e causa prejuízos milionários à população e às empresas de energia elétrica.
Apesar da gravidade, a resposta da Polícia Civil do DF, tem sido insuficiente, deixando a sociedade refém de apagões, insegurança e custos elevados. Esse tipo de crime, tratado por diversas vezes pelo Radar DF (veja Aqui), parece banalizado.
O roubo de fios de cobre não é uma questão de furtos isolados. Trata-se de uma cadeia criminosa estruturada, com núcleos distintos: os que furtam, os que receptam e os que lucram com a revenda, muitas vezes para exportação.
Em 2023, a Neoenergia, concessionária de energia do DF, amargou um prejuízo de R$ 2,7 milhões com danos causados por esses furtos.
Em 2021, a Companhia Energética de Brasília (CEB) reportou R$ 280 mil em perdas apenas no primeiro semestre, com um único caso no Deck Sul custando R$ 80 mil.
A nível nacional, em 2024, foram furtados 5,5 milhões de metros de cabos de cobre, impactando 7 milhões de pessoas.
No DF, embora números exatos de metros roubados em 2024 e 2025 sejam escassos, a frequência dos crimes sugere uma fatia desse total.
A população sofre com interrupções de energia que paralisam comércios, hospitais e transporte público.
Em 2022, um furto de cabos no DF interrompeu o metrô, afetando 135 mil passageiros em um único dia.
A iluminação pública, essencial para a segurança, também é comprometida: em 2021, a CEB repôs 8.444 metros de cabos apenas para esse fim.
Até bicos de bronze das mangueiras de combate a incêndio do Metrô-DF estão sendo roubados à luz do dia.
Os ferros-velhos, porta de entrada para a receptação, operam com pouca ou nenhuma fiscalização.
Não há notícias de ações robustas do DF Legal, órgão responsável por regular esses estabelecimentos, para coibir a compra de material sem procedência.
Em 2023, a Polícia Civil do DF realizou uma operação que cumpriu 21 mandados de prisão e bloqueou R$ 5,7 milhões em contas ligadas a uma quadrilha, mas essas ações são esporádicas e não desmantelam a cadeia criminosa.
A investigação revelou que, em dois anos, um grupo movimentou R$ 5,8 milhões com o comércio ilícito de cobre, causando apagões em regiões como Asa Sul, Asa Norte e Guará.
A alta do preço do cobre, que saltou de US$ 4,4/kg em 2020 para US$ 11/kg em 2022, e é revendido por até R$ 50/kg em ferros-velhos, é o principal motor desse mercado.
Criminosos exploram vulnerabilidades sociais, cooptando dependentes químicos e pessoas em situação de rua para os furtos, enquanto receptadores e exportadores lucram com a venda do material, muitas vezes para o exterior, em uma “rota do cobre” que envolve até empresas de reciclagem.
A falta de regulamentação exigindo documentação de origem do cobre facilita essa dinâmica.
A Polícia Civil do DF, responsável por investigar e desarticular organizações criminosas, tem falhado em oferecer uma resposta à altura.
Operações como a de 2023 são louváveis, mas insuficientes frente à escala do problema.
A ausência de investigações contínuas e de uma força-tarefa dedicada ao combate a essa cadeia criminosa permite que o esquema prospere.
Por que não há um mapeamento sistemático dos ferros-velhos?
Onde estão as blitze regulares do DF Legal para fechar estabelecimentos que operam na ilegalidade?
A população merece respostas, senhor secretário de Segurança Sandro Torres Avelar!