O presidente nacional do PL, Valdemar da Costa Neto, se diz traído por ter visto a deputada federal Flávia Arruda, então presidente regional do PL do DF, entrar em meio a muvuca para abraçar e parabenizar o presidente Lula, durante a solenidade de posse do petista, ocorrida no Congresso Nacional.
No entanto, quem pode se sentir mais traída e sacaneada é a própria Flávia, que estava com uma vitória ganha, na disputa pela única vaga do Senado, caso não fosse abandonada por Valdemar da Costa Neto e bombardeada violentamente por Michele Bolsonaro e Damares Alves(Republicanos).
Fizeram o diabo contra Flávia Arruda.
Desde a campanha de 2018, a ex-ministra teve um invejável desempenho acedente na política brasiliense.
Na eleição daquela ano, Flávia foi a deputada federal mais votada com quase 120 mil votos.
Quatro anos mais atrás, ela quase se torna vice-governadora do DF, ao lado do saudoso Jofran Frejat, também do PL.
Já na última eleição, para o Senado, a ex-ministra atingiu quase meio milhão de votos.
Um quadro que não pode ser desprezado e nem subestimado, seja por qual corrente politica, for.
Sob a liderança de Flávia Arruda, o partido de Valdemar da Costa Neto, no DF, elegeu dois deputados federais e quatro deputados distritais e poderia ter elegido a candidata ao Senado, se o presidente nacional da legenda, não fizesse cara de paisagem ao permitir a candidatura avulsa de Damares Alves, pelo Republicanos.
Não que ele, Valdemar, tenha qualquer influência sobre o partido da Igreja Universal, ou mesmo sobre a própria Damares, que possui legitimidade, como qualquer cidadã, de disputar uma eleição.
Mas se quisesse mesmo apoiar a candidatura de Flávia Arruda, uma liderança histórica do Partido Liberal, teria defendido com unhas e dentes a candidatura dela junto ao presidente Jair Bolsonaro, filiado ao seu partido, único que poderia demover Damares, de tal projeto.
Costa Neto poderia fazer o mesmo que fez no Amapá, ao orientar o presidente estadual do PL, deputado federal Vinícios Gurgel e pedir a deputada federal Aline Gurgel, presidente do Republicanos, contando ainda com o apoio de Bolsonaro para a vetar Damares.
Tudo isso para não prejudicar a candidatura de Davi Alcolumbre ao Senado, pelo União Brasil.
No DF, Valdemar da Costa Neto, lavou as mãos e deu as costas para a sua fiel aliada.
Flávia foi vítima de um jogo sujo, orquestrado e tratorada violentamente por Damares, que tinha como principal cabo-eleitoral de sua candidatura, a então primeira-dama Michele Bolsonaro, brasiliense de origem.
Flávia e Damares foram ministras do governo bolsonarista.
Sem mandato, é natural que a ex-deputada busque outros rumos para a sua sobrevivência política até a próxima eleição.
O afago feito ao presidente Lula e a fala no pé de ouvido, no dia da posse do presidente, pode ser interpretado de várias maneiras pelos que vivem na capital federal.
Flávia perdeu uma eleição, mas não perdeu o hábito de fazer política. Que não se esqueçam disso.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios políticos da capital federal. Siga o #radarDF