Nas últimas décadas, tem se tornado cada vez mais frequente a absolvição pela justiça, após longas batalhas judiciais, de pessoas que buscam as suas inocências após serem acusadas por corrupção e improbidade administrativa pelos MPs, tanto estaduais quanto o Ministério Publico federal.
Quando essas pessoas, sejam eles políticos ou não, são inocentados em processos transitados em julgados, quase nenhum veículo de comunicação, que antes os crucificou, abrem o mesmo espaço para divulgar a decisão.
Dois casos emblemáticos recentes ocorreram no Distrito Federal.
Após anos de isolamento social, finalmente Agnelo Queiroz (PT) e o ex-vice-governador Tadeu Filippelli (MDB), e mais quatro réus da acusação de improbidade administrativa na construção do Estádio Nacional Mané Garrincha, foram absolvidos por unanimidade pela 8ª Turma do Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDFT) na última quinta-feira (30).
O Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT), que pediu a condenação dessas pessoas e foram condenadas por um juiz da 1ª estância, não apresentou provas suficientes no processo: apenas a acusação rasa de uma colaboração premiada sem substância da verdade, conforme apontou o desembargador Diaulas Costa Ribeiro, relator do processo.
Após anos de exposição na mídia, que muitas vezes os considera culpados desde o início, a absolvição não recebe a mesma atenção, mesmo quando as decisões judiciais confirmam sua inocência. Foram poucos os veículos que registraram o fato.
Agnelo e Filippelli bem como todos os outros acusados por crimes que não cometeram, além do impacto moral, também sofreram consequências financeiras significativas. Durante as batalhas judiciais, seus bens foram bloqueados.
A pergunta que fica é: quem paga pelo prejuízo moral e financeiro dessas pessoas? É preciso refletir sobre a falta de reparação necessária e reivindicar uma mudança na forma como a justiça, o MP, a mídia e a sociedade tratam casos de denúncias de corrupção, a fim de evitar que inocentes sofram danos irreparáveis.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF