O sistema das delações premiadas usado, e abusado pela Lava Jato do então juiz Sérgio Moro e do então Procurador Deltan Dallagnol, criticada e rejeitada por sete dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal, agora pode ser utilizado com o acordo homologado neste sábado (09) pela Suprema Corte.
Foi dado a chance para diminuição de pena ao ex-ajudante de ordem do Palácio do Planalto, Mauro Cid.
Ele terá a oportunidade de detonar tudo o que sabe sobre o caso das joias e outros segredos palacianos que possa envolver o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mauro Cid será submetido a uma “verdadeira tortura psicológica”.
E não é nenhuma invenção ou exagero.
Na última quarta-feira (06), para anular as sentenças contra o presidente Lula, que ficou preso por 580 dias em Curitiba, o ministro Dias Toffoli classificou o acordo de leniência da Odebrecht, “uma verdadeira tortura psicológica para obter provas contra inocentes”.
Agora a história mudou por que os ventos são outros. O próprio ministro Toffoli já flertou muito com o lavajatismo de Moro e Dallagnol.
Negou, por exemplo, um pedido do então advogado de defesa e agora ministro do STF, Cristiano Zanin para que Lula, preso no calabouço de Curitiba, participasse do velório do irmão Genival Inácio da Silva, o Vavá.
Lá atrás, o ministro Alexandre de Moraes, que aceitou o acordo de delação premiada de Cid, já fez ressalvas de que a estratégia não pode ser usada para fundamentar sentenças. Se vai continuar defendendo a mesma tese, ninguém sabe.
O fato é que o ex-ajudante de ordem de Bolsonaro vai ter que passar pelo “pau de arara do século XXI”.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF