Segundo o dicionário informal “casinha de caboclo” é um termo usado no submundo da marginalidade como traição, crocodilagem que induz a vítima a uma armadilha.
O envolvimento do Ministério da Justiça e Segurança, comandado por Flávio Dino, onde assessores do ministro receberam por duas ocasiões, a “Dama do Tráfico”, mulher de um traficante, líder do Comando Vermelho do Amazonas, pode também ter as digitais do chamado “fogo amigo”. Disso, o ministro, perspicaz como o é, não pode ter dúvidas.
Se nas redes sociais o ministro da justiça parece se defender sozinho do apedrejamento feito pelo bolsonarismo, que faz festa como pinto no lixo, no ambiente de governo o ar é cada vez mais intragável para o ministro visto por boa parte do PT como muito espaçoso e com ambições políticas para chegar ao topo. Veja aqui.
Ao que se sabe, até o momento, nenhum membro do governo Lula saiu em defesa do ministro que está ameaçado de impeachment. O pedido se avoluma e corre de gabinete a gabinete por assinaturas.
Muitos dos assinantes são deputados de partidos da base do governo Lula (PT), como União Brasil, PSD, Republicanos, PP e MDB, os quais detêm a liderança de dez ministérios.
O silêncio sepulcral do governo é ainda mais emblemático quando se considera que estamos falando de um núcleo duro, que sempre se pautou por enfatizar a importância das alianças políticas e da coesão partidária.
Além disso, políticos do Maranhão, estado em que Flávio Dino se elegeu governador por duas vezes e, por último, senador, ainda não se manifestaram em defesa do correligionário a não ser de forma muito tímida, aqui e acolá, pelas redes sociais. Também é só.
Ninguém subiu a tribuna, nem na Câmara e nem no Senado, para defender Dino daquilo que ele classifica como fake do jornal, o Estadão, que estampou a notícias que ele, teria recebido em seu gabinete Luciane Barbosa Farias, conhecida como a “dama do tráfico amazonense.
Nem mesmo os mais próximos, como o deputado federal Macio Jerry e a senadora suplente Ana Paula Lobato (PSB) que ocupa a vaga de Dino no Senado.
Dino está praticamente sozinho nessa situação embaraçosa e no mato sem cachorro.
É impressionante como aqueles que outrora apoiavam fervorosamente o ministro, sobre tudo no Maranhão, agora se mantêm em completo silêncio e distante.
A falta de apoio político também pode representar um obstáculo para o projeto de Flávio Dino de se tornar ministro do STF. Que ninguém tenha dúvida.
Para ser um capa-preta, Dino terá que passar pelo crivo da sabatina dos senadores de direita e de esquerda que quererem arranca-lhe o figado.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF
Você precisa fazer login para comentar.