A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que “investigou” os atos ocorridos em 8 de janeiro não chegou a uma conclusão efetiva, apesar dos gastos financeiros envolvidos na sua realização.
Uma das questões mais polêmicas do relatório de Eliziane Gama(PSD), apresentado ontem(17), foi o pedido de indiciamento de Jair Bolsonaro.
A senadora relatora teve a oportunidade de convocá-lo para prestar depoimento, mas optou por não fazê-lo.
Essa decisão levanta dúvidas e muitas suspeitas sobre a imparcialidade de Eliziane, já que um dos princípios fundamentais da justiça é o direito à ampla defesa e ao contraditório.
Todos sabem que Bolsonaro exerceu a presidência da República por quatro anos, colocando em dúvida o processo eleitoral brasileiro, xingando ministros da Suprema Corte, amaldiçoando a vacina e outras coisas mais.
No entanto, entre fazer isso e comandar a invasão das sedes dos Poderes, tem que haver provas.
Além disso, a senadora do Maranhão apontou o dedo para o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha na tentativa de incriminá-lo como envolvido nos atos de 8 de janeiro.
Nenhum dos 18 depoentes mencionou o nome do governador sobre os eventos violentos que atingiram as sedes dos Três Poderes.
No entanto, de má-fé, Eliziane afirmou em seu relatório ser necessário aprofundar as investigações sobre o suposto envolvimento de Ibaneis.
Na época dos acontecimentos o governador do DF, mesmo afastado foi depor espontâneo na Polícia Federal, sofreu busca e apreensão em todos os seus endereços.
Ao analisar relatórios realizados pela PF, a Procuradoria Geral da República não identificou indícios de envolvimento de Ibaneis nos atos de 8 de janeiro.
Foi com base nisso que o ministro Alexandre de Moraes do Supremo Tribunal Federal decidiu pelo retorno do governador ao cargo.
A CPMI deveria ser um instrumento para a busca da verdade e a responsabilização daqueles que cometeram atos ilícitos.
A CPMI perdeu força pela politicagem de grande parte de seus componentes.
Dos 180 requerimentos de convocação apenas 18 pessoas falaram aos congressistas, outros nem compareceram. Por aí se viu quanta desmoralização.
No final melancólico e sem resultados palpáveis o que foi apresentado ontem foi um relatório permeado de “digitais ideológicas” o que levanta dúvidas quanto a sua credibilidade e gera desconfiança na população.
A sociedade brasileira está cansada de financiar palanques politiqueiros transvestidos em comissões parlamentares.
A sociedade merece investigações justas e imparciais, que busque a verdade e promova a justiça.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF