A CPI da Câmara Legislativa do Distrito Federal, criada nesta terça-feira(07), para investigar os atos antidemocráticos, ocorridos em Brasília em 12 de dezembro de 2022 e 8 de janeiro de 2023, foi um parto difícil para nascer e deve ser mais difícil ainda para sobreviver.
Pode também dá em nada se o jogo for entre compadres, previamente combinados, como já estar desenhado.
Basta enxergar para dentro da composição da Comissão, que tem o deputado Chico Vigilante(PT), na Presidência, e o deputado João Hermeto(MDB), como Relator, postos considerados chaves e os mais cobiçados em qualquer processo de criação de uma CPI.
É sobre esses dois personagens que será depositada a expectativa de vida ou morte da CPI, sobre o quê e quem ela irá investigar.
O deputado petista, que se autoidentifica como Chico Vigilante Lula da Silva, já deu o tom na tarde de ontem, que o roteiro das investigações passará antes, pelo crivo do “amplo debate”; ou seja: do “acerto”.
Pelo andar da carruagem, os deputados de oposição pretendem bater o bumbo em direção da massacrada PMDF, que, até agora, paga o pato com vários de seus oficiais presos, por ordem do ministro Alexandre de Moraes do STF.
Eles são acusados de suposta omissão para frear o movimento golpista e de suposta facilitação a invasão dos poderes da República.
Há de se perguntar: como então, o relator emedebista João Hermeto, que é militar da PMDF, a sua principal base política eleitoral, irá lidar para convocar a depor os seus “irmãos de farda”?
Só se for muito doido para jogar mais luz em cima da PMDF, o “bote expiatório” da estória, que no final de tudo, foi a única força a sufocar a tentativa de golpe, mesmo uma minoria identificada, jogando contra.
A mesma doidice seria do presidente da CPI, Chico Vigilante, aceitar que toquem o bumbo no rumo da Praça dos Três Poderes, convidando o ministro da Justiça, Flávio Dino, para dar explicações por que não agiu junto ao presidente Lula, para que decretasse, de imediato, uma GLO (Garantia da Lei e da Ordem), ao invés de ficar assistindo de sua janela o quebra-quebra e as graves situações de perturbação da ordem?
Que tal convidar o pessoal da Abin – Agência Brasileira de inteligência, para reconfirmar que mandou sinal de alerta para 48 autoridades do governo federal, embora todos soubesse, desde dezembro, sobre a orquestração de um golpe a caminho?
Daí podemos concluir que a CPI, criada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, terá visão curta, sem se atrever a mergulhar nas profundezas que quase culminou com um golpe de Estado.
O presidente Lula foi mais pragmático, ao se colocar contra a criação de uma CPI pelo Congresso Nacional:
“Nós temos instrumentos para fiscalizar o que aconteceu nesse país. Uma comissão de inquérito pode não ajudar e ela pode criar uma confusão tremenda, sabe? Nós não precisamos disso agora”, afirmou o presidente.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios políticos da capital federal. Siga o #radarDF