O deputado distrital petista Chico Vigilante, presidente da CPI dos atos golpistas, instalada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal, chegou ao ápice do protagonismo, na última quinta-feira (18), ao inquirir o ex-chefe do Comando Militar do Planalto, General do Exército Brasileiro, Gustavo Henrique Dutra de Menezes.
O distrital dominou a cena inquisidora, por quase duas horas de perguntas e respostas da CPI, transmitida pela tevê e no canal do YouTube da Câmara Legislativa.
Diferente dos discursos inflamados na tribuna, sempre recheados de ironias quando chama Jair Bolsonaro de “capitão capiroto”, ao comparar o ex-presidente como um demônio, diabo ou satanás, desta vez Chico Vigilante foi firme, polido e cirúrgico nas perguntas, cujas respostas de Dutra serviram para clarear muitos pontos obscuros sobre os horrorosos acontecimentos do 8 de janeiro.
Nunca na historia das CPIs da Câmara Legislativa do Distrito Federal ou até mesmo da Câmara dos Deputados, um general da ativa do Exército Brasileiro foi convidado ou convocado, para ser questionados por parlamentares, sobre temas espinhosos que envolveram integrantes de altas patentes das Forças Armadas.
Por exemplo, a Comissão Nacional da Verdade, instalada em 2013, pela Câmara dos Deputados, conseguiu no máximo convocar “generais de pijamas e coronéis da reserva” para dar suas versões sobre casos de tortura e violência, cometidos durante a ditadura militar, no período de 1964 e 1985.
Todos os militares que compareceram à Comissão, mostraram irritação, criticaram e desdenharam dos convites.
Basta lembrar de uma das reuniões da Comissão da Verdade, ocorrida em agosto de 2014, em que o coronel da reserva Celso Seixas Marques, xingou e se irritou ao ser perguntado sobre os assassinatos ocorridos na Guerrilha do Araguaia.
Ele repetiu 23 vezes a expressão “nada a declarar”.
Outro que reagiu esmurando a mesa, dizendo que não seria acareado com terroristas, foi o coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, questionado sobre as prisões e torturas, realizadas pelo Destacamento de Operações de Informações/Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), do II Exército, em São Paulo.
Já o general da ativa Sérgio Westphalen, então ministro-chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional da Secretaria de Segurança Institucional do governo Temer), detonou publicamente o trabalho da comissão da verdade, qualificada por ele como “patética” e “leviana”.
O que se viu na última quinta-feira, foi uma CPI do mais alto nível onde vem imperando o respeito mútuo entre deputados e convidados, como foi o caso do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes.
O general foi firme em suas colocações e respeitoso com o parlamento local, como foi firme, contundente e respeitoso o deputado Chico Vigilante em suas perguntas, sem viés ideológicos. Ao final, todos ganharam, principalmente a sociedade e a democracia.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios políticos da capital federal. Siga o #radarDF