Recém-criado pela Comissão de Fiscalização, Governança, Transparência e Controle (CFGTC), presidida pela deputada distrital Paula Belmonte (Cidadania), o “observatório cidadão” teria o objetivo de trazer mais transparência no gasto do dinheiro publico.
No entanto, há vários questionamentos sobre a abrangência da ferramenta.
Além de fiscalizar as contas do GDF, cujas contas são abertas e fiscalizadas com lupa pelo Ministerio Público e pelo Tribunal de Contas, a ferramenta criada por Belmonte deveria permitir que os cidadãos acompanhem também a execução de contratos, convênios, concessões, pagamentos de privilégios e muitos penduricalhos dentro da Câmara Legislativa.
A deputada Paula Belmonte, que antes mantinha alianças com aliados no QG do Exército, acusados de vandalizar as sedes dos Três Poderes, surpreendeu ao buscar apoio dos partidos de esquerda, como o PT, para liderar uma segunda via de oposição ao governo Ibaneis(MDB). A turma da esquerda embarcou na falácia da bolsonarista.
Essa mudança de estratégia tem gerado dúvidas sobre as intenções por trás do tal observatório idealizado por ela.
Muitos se perguntam: por que a parlamentar e os deputados que a apoiam não abrem os dados financeiros de seus próprios gabinetes?
O gabinete de Paula Belmonte, por exemplo, emprega 23 empregados em um espaço tão apertado de apenas 5 m², tudo pago com o dinheiro do povo.
Qual o valor da dinheirama dispendida pelos cofres públicos para custear essa ferramenta que apenas fiscaliza um lado e o outro não?
Por que não incluir uma lupa para que o cidadão acompanhe os gastos estratosféricos que mantêm os privilégios do judiciário e da própria Câmara Legislativa?
Seria interessante que o tal observatório estampasse o custo de um deputado distrital, que passou de R$ 25,3 mil no ano passado para R$ 29,4 mil este ano, com previsão de chegar a R$ 34.774,64, em 2025.
O impacto aos cofres públicos, atualmente estimado em R$ 7,9 milhões, deve atingir na última etapa do reajuste dos salários das vossas excelências, cerca de R$ 10,8 milhões.
Além disso, há verba indenizatória de R$ 15 mil, destinada a aluguel de carros, imóveis, gasolina e contratação de consultorias, bem como a verba de gabinete de R$ 177 mil.
Esses valores são complementados por benefícios como auxílio-alimentação no valor de R$ 1,5 mil por mês, auxílio pré-escola de R$ 974 por mês para cada criança de 0 a 7 anos, e auxílio-natalidade de R$ 1,2 mil para ajudar nos gastos com recém-nascidos.
Os distritais e seus dependentes contam ainda com um robusto plano de saúde, podendo ser atendido em qualquer parte do Brasil.
Tudo isso bancados pelos impostos dos pobres mortais que não tem a onde cair mortos.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF