A situação que envolve uma tentativa de cassação do mandato da vereadora Neide Enfermeira(União), em Águas Lindas de Goiás, é um exemplo perturbador de como uma suposta roubalheira do dinheiro público possui tentáculos nas entranhas de Poder.
Está marcada para esta quarta-feira(25), pela Câmara Municipal de Águas Lindas, o julgamento de um pedido de cassação do mandato da vereadora Neide, presidente da Comissão Permanente de Finanças e Orçamento do poder legislativo.
A justificativa para cassar o mandato dela se baseia na quebra do decoro parlamentar.
O evento que desencadeou esse processo foi uma denúncia feita por Neide, contra seu colega vereador, Francisco Alves Craveiro, acusado de agredir a esposa, o que levou a justiça a decretar uma medida protetiva em favor da vítima.
O vereador nega. A esposa também. Mas a existência da medida protetiva, assinada pelo juiz Felipe Morais Barbosa da 2º Vara Criminal de Águas Lindas, é uma prova inconteste. Veja a Medida Protetiva.
O tema foi explorado pela vereadora já que uma de suas bandeiras políticas é a defesa da mulher e no combate a violência e ao feminicídios.
A posição da vereadora desencadeou um processo de cassação do seu mandato a pedido de Francisco Craveiro, que se sentiu ofendido.
Nunca um processo de cassação correu tão rápido. A sessão plenária para tomar o mandato de Neide deve ter seu desfecho amanhã, quarta-feira.
No entanto, se olhar mais profundamente em torno dessa historia, fica evidente que existem fatores subjacentes muito mais preocupantes do que a simples defesa feita por Neide em favor de uma mulher supostamente agredida pelo marido vereador.
O principal pano de fundo que move vereadores tentar cassar a vereadora, são as denúncias formais feitas por ela junto ao Ministério Público e aos Tribunais de Contas da União e do Estado de Goiás, bem como ao Ministério da Saúde e à Polícia Federal.
Para cada órgão fiscalizador a vereadora disparou documentos pedindo investigação e colocar luz sobre um suposto lamaçal de corrupção que ela garante existir no município.
Procurada pelo RadarDF, a prefeitura de Água Lindas não quis se manifestar. A tentativa de cassação da vereadora pode ser vista como uma retaliação por suas ações de denúncia.
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*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências políticas e comportamento social da capital federal. Siga o #radarDF