“O feminicídio é uma ferida aberta que precisamos estancar. Enquanto houver uma vítima, não temos o que comemorar.”
Com essas palavras, o secretário de Segurança Pública do DF, Sandro Avelar, convocou a sociedade a agir contra esse crime, que na maioria das vezes acontece dentro de casa, motivado por ciúmes ou pelo fim de relacionamentos, e é de difícil previsão.
Avelar reforçou que a meta é zerar os casos, mas admite que o caminho é desafiador. “Denunciar é proteger vidas e romper o ciclo da violência”, escreveu ele em uma rede social em abordagem do assunto.
Neste Agosto Lilás, campanhas como “Não ao Covarde” e “Salve Todas 2025” buscam quebrar a cultura do silêncio e incentivar denúncias.
Em um levantamento feito pelo Radar DF, entre janeiro e julho deste ano, o DF registrou 12 feminicídios, um aumento de 50% em relação a 2024.
Todas as vítimas confirmadas até maio de 2025 eram mães, e 88,9% não haviam registrado boletim de ocorrência contra o agressor antes do crime.
Casos específicos mencionados em 2025:
- 5 de janeiro: Ana Moura Virtuoso, Estrutural.
15 de janeiro: Elaine da Silva Rodrigues, Planaltina.
24 de fevereiro: Géssica Moreira de Sousa, Planaltina.
26 de fevereiro: Ana Rosa Brandão, Cruzeiro.
29 de março: Dayane Barbosa, Fercal.
31 de março: Maria José Ferreira, Recanto das Emas.
1º de abril: Marcela Rocha Alencar, Paranoá.
8 de abril: Rosimeire Gomes Tavares, Santa Maria
9 de abril: Danúbia Mangueira de Santana, Park Way.
19 de abril: Valdete Silva Barros, Sol Nascente.
18 de maio: Vanessa da Conceição Gomes, Samambaia.
19 de maio: Liliane Cristina Silva de Carvalho, Ceilândia.
9 de junho: Telma Senhorinha da Silva, Setor de Inflamáveis
Levantamentos apontam que 71% dos crimes ocorreram em residências, 55% foram motivados por ciúmes e 44% envolveram armas brancas.
Mulheres negras e de baixa renda são as mais atingidas, e quase 89% dos casos não tiveram denúncia prévia, revelando um cenário grave de subnotificação.
Para enfrentar crimes de feminicidios, a SSP-DF mantém iniciativas:
- Dispositivo de Proteção à Pessoa (DPP): Monitora vítimas e agressores em tempo real, utilizando equipamentos e tornozeleiras eletrônicas para agressores. Desde 2018, mais de 3.600 pessoas foram assistidas, com mais de 100 prisões por violação de medidas protetivas desde 2021 (,).
- Viva Flor: Sistema de monitoramento que opera 24 horas, disparando alertas automáticos em caso de descumprimento de medidas protetivas. Também funciona via aplicativo para atendimento prioritário pelo Centro de Operações da Polícia Militar (Copom Mulher). Em 2024, houve um aumento de 69% no número de mulheres atendidas e de 31% no monitoramento de agressores (de 230 para 301) ().
Aproximadamente 1.100 pessoas são acompanhadas por esses programas de monitoramento e atendimento prioritário. - PROVID: Realizado pela Polícia Militar do DF (PMDF), envolve visitas às vítimas para conscientização e redução de riscos. Em 2024, foram realizadas 25.062 visitas.
- Maria da Penha Online: Plataforma para registro de boletins de ocorrência, envio de provas (fotos, vídeos) e solicitação de medidas protetivas.
- Telefone 197 (Polícia Civil, 24 horas, sigilo garantido).
- Telefone 190 (Polícia Militar, emergências).
- Telefone 180 (Central de Atendimento à Mulher, 24 horas, gratuito).
- WhatsApp (61) 98626-1197 e e-mail (denuncia197@pcdf.df.gov.br) da Polícia Civil.
- Campanha Sinal Vermelho: Permite que mulheres peçam ajuda com um “X” vermelho na palma da mão em estabelecimentos comerciais ou públicos.
- Campanha Salve Todas 2025: Lançada pelo GDF em parceria com a Secretaria da Mulher, reforça a importância da denúncia e mobiliza a população para reconhecer sinais de violência e denunciá-los.
- Passe Livre: Transporte público gratuito para mulheres com medidas protetivas ou em situação de acolhimento.
- Auxílio financeiro: Programa Acolher Eles e Elas oferece um salário mínimo mensal (R$ 1.518) a 181 crianças e adolescentes órfãos de feminicídio em julho de 2025.
- Delegacias Especiais de Atendimento à Mulher (Deam): Localizadas em Ceilândia (Deam 2) e Asa Sul (Deam 1), funcionam 24 horas para atender vítimas de violência.