Os exatos 56 dias do afastamento do governador Ibaneis Rocha (MDB), já é sentido pela população do Distrito Federal, com a paralisação de importante obras estruturantes, sem prazo de retomadas.
A duplicação da 001 do Jardim Botânico e a duplicação da DF-140, do Setor Habitacional Tororó, seguem congeladas sem nenhum movimento de homens ou máquinas em seus respectivos canteiros de obras.
Ao RadarDF, o Departamento de Estrada e Rodagem (DER-DF) justifica que no caso da obra do Tororó, por onde trafegam centenas de veículos diariamente, que provocam longos engarrafamentos, em horário de pico, falta a companhia telefônica deslocar seus cabos de fibra óptica.
Também alega o período chuvoso, mesmo que as chuvas têm caído esporadicamente na região.
Já o viaduto da Esaf, umas das obras prioritárias, no plano de governo de Ibaneis, para 2023, o DER informa que a empresa que vai construir a obra, ainda está montando o seu canteiro.
Hoje (05), completam 45 dias do ato de assinatura da governadora interina Celina Leão, para o início da execução do viaduto e tudo que se tem no local, são tapumes.
O Jardim Botânico é apenas um exemplo. Em toda a história da capital da República, nunca a sua população viveu uma situação tão dramática como a de agora.
Ibaneis Rocha foi afastado do cargo pelo ministro Alexandre de Moraes do STF.
O ministro julgou e afastou o chefe do Executivo brasiliense, baseado na simples presunção de que o governador, tivesse algum envolvimento com o quebra-quebra do dia 8 de janeiro.
No entanto, as investigações da Polícia Federal e analisadas pela Procuradoria Geral da República (PGR), não encontrou nenhum indício do envolvimento e Ibaneis, seja ele direto ou indiretamente com os ataques contra as sedes do Três Poderes.
Se tivesse algum indício, a história já teria vazada, há muito tempo.
Políticos como Fraga, Izalci e por último Rafael Prudente, comprometidos com a população do DF, se manifestaram sobre a decisão extrema e violenta contra um ente federativo autônomo, garantido pela Constituição Federal.
Mas o silêncio dos surdos, que acomete a maioria dos parlamentares do Congresso e a totalidade dos 24 deputados distritais, remete a falta de compromisso com seus respectivos eleitores e com a própria cidade neste início da legislatura.
Não se trata do governador afastado ilegalmente, ser o Ibaneis ou que fosse outro e/ou do partido qual fosse. A omissão politica é de clareza solar.
O silêncio da maioria corrói a alma de quem foi as urnas nas últimas eleições para escolher democraticamente o seu governante, bem como seus legítimos representantes.
A luta política sempre se organizou em torno de palavras de ordem, declarações e manifestos. Uma maneira de fazer ouvir uma voz.
No entanto, o DF segue cambaleante com seus representantes moucos.
Perguntamos ao deputado distrital Chico Vigilante(PT), presidente da CPI dos Atos antidemocráticos, sobre o que achava do afastamento do governador: ele nem respondeu.
O deputado que crítica, nas redes sociais, Anderson Torres, por recorrer ao STF para ficar em silêncio caso tenha que depor na CPI, igualmente prefere o silêncio a opinar sobre um claro estado de exceção que suprime, há 56 dias, o direito democrático do povo brasiliense.
*Toni Duarte é Jornalista e editor do Radar-DF, com experiência em análises de tendências e comportamento social e reconhecido nos meios políticos da capital federal. Siga o #radarDF