NA TERRA DA GRILAGEM, ATÉ A TERRACAP VENDE LOTES QUE NÃO SÃO DELA. LEVOU AZAR

Publicado em

O governador Rodrigo Rollemberg não se conformou com uma decisão monocrática do desembargador federal, Souza Prudente que determina o bloqueio de uma área de terras no Setor Habitacional Jardim Botânico – Etapa II. O governo esperava botar no bolso mais de R$ 200 milhões na venda dos lotes. Se lascou

Por Toni Duarte

Terracap é acusada de vender os lotes que não são dela aos moradores de seis condomínios. O governador mandou que a Procuradoria-Geral do Distrito Federal recorra da decisão judicial.

Na terra da grilagem até os lotes vendidos pela Agencia Imobiliária do Governo do Distrito Federal –Terracap, podem estar eivados de “grilos”. A evidente sobreposição de áreas nos registros imobiliários, descritos nos autos que chegaram a justiça, indicam suspeitas de que a empresa do Governo estaria tentando vender terras, pelo processo da venda direta, que nunca foram dela.

O desembargador Sousa Prudente determinou a imediata indisponibilidade da área de 1.353.771,18 metros quadrados, o equivalente a 135 hectares pedindo que seja periciada. O governo Rollemberg, por meio da Terracap, já havia aberto o processo de venda direta de 1.225 lotes.

Os lotes seriam vendidos para os moradores dos condomínios Jardim Botânico I, Jardim Botânico VI, Mirante das Paineiras, Parque e Jardim das Paineiras e Estâncias do Jardim Botânico I e do Jardim Botânico II. O governo esperava botar no bolso mais de R$ 200 milhões na venda dos lotes.

A decisão judicial, que trancou as matriculas sobrepostas, não impede a continuidade dos cadastros, previstos para ocorrer até 4 de novembro, prazo estipulado pela Terracap.

O morador pode até fazer a opção de compra, pagar pelos lotes, mas se ficar devidamente comprovado que a área é particular, conforme demonstra um laudo técnico apensados aos autos do processo, que tramita no Tribunal Regional Federal (TRF) da 1ª Região, a Terracap será obrigada a devolver o dinheiro com juros e correção monetária.

Para isso, síndicos e advogados devem ficar atentos naquilo que se chama de “evicção de direito”.
Procurado por Radar, o advogado Mário Gilberto, disse que a evicção é a perda total ou parcial, de determinado bem, em razão de direito anterior de terceiro, reconhecido por decisão judicial.

“No caso, a vítima de evicção dispõe de direito de cobrar a devolução do preço ou outra contraprestação dada em troca do bem, acrescida de indenização por eventuais perdas e danos”, explicou Mário Gilberto.

Para garantir a segurança na hora da compra, os moradores deverão exigir que a cláusula XXII esteja afixada no corpo do contrato de compra e venda do imóvel. A cláusula XXII estabelece: “ Caso se reconheça judicialmente, por decisão transitada em julgado, que a área é particular, a outorgante vendedora se compromete a restituir ao outorgado comprador os valores por ele pagos pelo imóvel, objeto dessa escritura”.

A cláusula foi um compromisso feito pela agência imobiliária durante reunião com mais de 600 moradores dos condomínios inclusos no processo de venda direta.

Visão Radar

A grilagem de terras no DF se tornou um crime muito mais que perfeito por contar com a chancela dos registros de cartórios de imóveis e de instituições como o INCRA que contribuem criminosamente para enganar e para facilitar o tráfego ilícito de compra e venda de imóveis no DF.

A Corregedoria do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios negligencia e fecha os olhos quando deixa de fiscalizar os cartórios, verdadeiras fábricas  de  sobreposições de matriculas de terras, que agem de forma criminosa e escancarada, principalmente quando é para atender aos pedidos da  Terracap. Uma dessa inúmeras duplicidades de matriculas  de terras no DF  foi parar na mesa do desembargador federal Sousa Prudente que, nesta segunda-feira. Ele determinou o bloqueio de matricula sobrepostas.  Essas duplicidades conseguidas pela empresa do governo  tem um nome: “Grilagem”.

Siga o perfil do Radar DF no Instagram
Receba notícias do Radar DF no seu  WhatsApp e fique por dentro de tudo! Entrar no grupo

Siga ainda o #RadarDF no Twitter

Receba as notícias de seu interese no WhatsApp.

Leia também

Iniciativa gratuita prepara jovens para profissões do futuro no DF

O Conexão Digital é um projeto itinerante que oferece cursos gratuitos nas áreas de empreendedorismo digital, produção de conteúdo, posicionamento nas redes, tráfego pago...

Mais Radar

Terracap convoca interessados para venda de lotes no Ville de Montagne

A Terracap anunciou a regularização de 402 lotes de terrenos localizados...

Justiça ordena demolição do Mini-Chácaras; moradores recorrem de decisão

Moradores recorrem de decisão judicial proferida pela Vara do Meio Ambiente que ordena a demolição de casas e comércios. Alegam falta de defesa e citam leis que permitem a regularização de loteamentos antigos. Caso vai ao TJDFT.

Ibaneis sanciona lei para regularização de terras rurais no DF

A nova lei que facilita a regularização de terras rurais, beneficiando produtores de baixa renda e áreas como Planaltina e Brazlândia, garantindo escrituras e segurança jurídica no campo.

Lei de Ibaneis regulariza muros e portarias de condomínios fechados no DF

Novo Projeto de Lei de autoria encaminhado pelo governador Ibaneis regulariza condomínios fechados no DF, garantindo a manutenção de muros e portarias já existentes. A medida reforça a segurança dos moradores e traz clareza jurídica para essas áreas.

Advogado Mário Gilberto: Impactos da Lei 6.766/79 nos condomínios do DF

Segundo o advogado a participação popular dos moradores de condomínios pode contribuir para aprimorar o projeto de lei da SEDUH/DF e assegurar que a regulamentação atenda às necessidades locais, preservando os direitos dos condôminos, sem prejudicar a segurança jurídica e o bem-estar das comunidades.

Receba as notícias de seu interese no WhatsApp.

O Radar DF não permite essa ação

»
»