Hoje tem espetáculo? Tem! Sim, senhor! Foi assim que os moradores do Lago Sul se sentiram dentro da Câmara legislativa do Distrito Federal na última segunda-feira durante a audiência pública que debateu o projeto orla livre. Cerca de 80% dos participantes eram comissionados mobilizados pelo governo para apoiar a proposta. O projeto do Executivo irá transformar 6 quilômetros e meio de uma área residencial do Lago Sul em um polo gastronômico administrado pela Natura
futuro da Orla do Lago Paranoá pertence à Natura que irá administrar um grande negócio que mistura bares, restaurantes e ecoturismo. Tudo isso surgirá dentro de uma área residencial e quem menos foi ouvido se isso é bom ou ruim foram exatamente os moradores da região.
A audiência pública realizada na última segunda-feira (17), na Câmara Legislativa foi à reedição de uma estratégia política que virou moda no DF, a exemplo da audiência pública, ocorrida em dezembro do ano passado com o objetivo de debater a regularização e o fim das violentas derrubadas de casas que já desabrigaram mais de 20 mil pessoas no DF.
Tanto aquela promovida no ano passado pelo senador Hélio José (PMDB) quanto esta ocorrida na última segunda-feira por iniciativa do presidente da CLDF, Joe Valle (PTD) e de Cristiano Araújo, não passaram de “cenários armados” pelo governo Rollemberg.
O objetivo, é de fazer todos acreditarem que a política das derrubadas de casas e a transformação de uma área residencial em área comercial na orla do Paranoá são iniciativas que agradam a todos.
Nos últimos tempos as audiências públicas têm sido lotadas por servidores comissionados do GDF que são obrigados a se apresentarem sob pena de perderem suas “boquinhas”. Vão para aplaudir os representantes do governo e vaiar os representantes da população que se posicionarem contrário ao projeto em discussão.
“O sentimento que fica é que todos somos palhaços. Estamos diante de um palco onde o governo arma contra a população e tenta passar para essa mesma população que está trabalhando a favor dela”, disse o presidente da Associação dos Moradores da QL 12, Marcos Drumond Coelho.
Ele disse ao Radar que essas audiências públicas que vem sendo promovidas tanto pelo Legislativo quanto pelo próprio Governo estão desestimulando o bom debate em relação aquilo que é do interesse da população.
“No caso da orla do Paranoá, o governo decidiu e está fazendo, sem consultar a população o que bem entende, e agora está procurando os meios para legalizar seus atos e esperar contar com a ajuda da Câmara Legislativa. Na audiência pública da última segunda-feira, nós, moradores do Lago Sul, fomos os palhaços não para fazer alguém sorrir, mas para eles rirem da nossa cara”, disse Marcos.
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