A manobra do governador de Brasília, Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), para neutralizar uma investigação de corrupção pela Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) nas entranhas do Palácio do Buriti, em 2016, faz o passado bater agora à porta de seu gabinete, com vazamento de inquéritos arquitetado por seus adversários políticos
Por Mino Pedrosa
Os maestros do vazamento responderam aos ataques de Rollemberg que usou a justiça para tirar o apoio de grupos de algozes políticos: o ex-senador Luís Estevão de Oliveira Neto, preso na Penitenciária Papuda e dono do Metrópoles, maior site de notícias de Brasília, o ex-governador José Roberto Arruda, réu na “Caixa de Pandora”, maior escândalo de corrupção da história do DF e Paulo Octávio, empresário também pandorista.
Em 2016 ainda em lua de mel com a PCDF, Rollemberg comandava o diretor, Erick Seba, que tinha o apoio da corporação.
A investigação pela DECAP (Delegacia de Combate aos Crimes Contra a Administração Pública) sofreu uma forte intervenção palaciana desviando o foco para a mesa diretora da Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) que instaurou a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Saúde, com fortes indícios e digitais do governador no escândalo de corrupção instalado no GDF.
A manobra de Rollemberg criou a Operação Drácon que culminou com a derrocada de toda a mesa diretora da CLDF e o afastamento da presidente a época Celina Leão.
Paralelo a isso, Rollemberg criou uma super delegacia, fundindo as delegacias que investigavam o caso e afastou para bem longe o delegado Jonas de Paula Bessa, que conduzia as investigações.
Rollemberg aconselhado por Erick Seba nomeou o delegado Fernando César Costa, que juntou os inquéritos rumorosos que corriam nas delegacias e transferiu para a delegacia especial que está à frente.
Fernando montou um grupo seleto de novos policiais e delegados para conduzir o principal inquérito que vai levar verdadeiramente a derrocada do governador, Rodrigo Rollemberg, que tenta a reeleição com o jargão de “mãos limpas”.
A verdade é que Rollemberg está até o pescoço envolvido em corrupção no GDF comandada por seu irmão, Carlos Augusto Rollemberg, o Guto ou o “irmão mais novo”.
O codinome usado nas interceptações telefônicas autorizadas pela justiça e apontado pela polícia como “força motriz” instalado no gabinete do governador.
Influente na justiça, Guto atuou nos bastidores prejudicando o ex-governador Arruda no processo Caixa de Pandora que tramita no Superior Tribunal de Justiça (STJ) onde seu pai ocupou uma cadeira de ministro.
Os irmãos Rollemberg tem influência também no Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) e de lá retaliaram o ex-senador, dono do Metrópoles, preso na Papuda.
Luís Estevão foi flagrado em uma blitz encomendada, acusado de comandar a direção da penitenciária.
Os irmãos comemoraram o castigo aplicado no dono do site que postava matérias mostrando as mazelas da gestão de Rolemberg. Os algozes do governador correram atrás com seus cães farejadores.
O ex-delegado de polícia civil, Celso Ferro e outros que atuaram nos bastidores para buscar o tal inquérito que adormecia no fundo da gaveta, esperando as eleições passarem.
Arruda e Celso Ferro tiveram acesso ao inquérito rumoroso e nos bastidores vazaram parte a peso de ouro. Luís Estevão foi o primeiro a dar início as denúncias no seu site, Metrópoles.
Curioso foi que Arruda e Celso Ferro pinçaram uma pequena parte do inquérito para ser divulgada e valorizar mais que a peso de ouro o restante que atinge grande parte dos políticos e empresários de Brasília.
A máquina da corrupção no GDF mostra o empresário Paulo Octávio usando a influência e propina em forma de honorários para atuar na ilegalidade garantindo o aumento do seu patrimônio.
As investigações de corrupção apontam focos no setor de transporte, saúde e infraestrutura do governo do Distrito Federal.
Arruda, Paulo Octávio e Luís Estevão apenas divulgaram a ponta do Iceberg.
O delegado aposentado Celso Ferro e sua equipe trabalharam arduamente nos bastidores para emparedar não só Rollemberg e sua família, bem como empresários que se beneficiaram e o inquérito que se dividiu em quatro vai render dividendos para aqueles que estão guardando informações para divulgar sabe-se lá, onde e quando.
O delegado Jonas de Paula Bessa, que deu início às investigações, quando afastado por Fernando César Costa, entregou todos os documentos que deram início às investigações no MPF, por se tratar de verba federal na Secretaria de Saúde e Segurança Pública.
O delegado Fernando que conduziu o inquérito em sigilo com uma seleta equipe de novos policiais, foi surpreendido pelo vazamento. Pois, paralelo a esse inquérito existe uma investigação federal.
Nesta quarta-feira (15) vários veículos de comunicação em âmbito nacional veicularam matérias relatando o fato de corrupção no Palácio do Buriti envolvendo os irmãos Rollemberg logo após terem recebido nas redações um dossiê com parte dos documentos do inquérito policial.
Rollemberg recebeu um relato da contra informação da Casa Militar apontando os responsáveis pelo vazamento do inquérito logo após a publicação com exclusividade no site Metrópoles, do ex-senador Luís Estevão.
Curioso foi a decisão do STJ ontem divulgando a confirmação da autenticidade dos equipamentos de gravação da Operação Caixa de Pandora. Fazendo com que o inquérito agora caminhe a todo vapor para ceifar a cabeça de Arruda.
Mais curioso ainda, foi a chegada de parte do inquérito nas redações logo após a derrota de Arruda na justiça no processo Caixa de Pandora.
No material divulgado chama a atenção as articulações do preposto de Paulo Octávio, no Shopping Iguatemi, Marcelo Carvalho, que sofreu busca e apreensão na sua mansão e escritório de trabalho em Brasília e São Paulo.
Com indícios de ter sido flagrado em conversas com os irmãos Rollemberg usando do tráfico de influência. O que levou o mega empresário a desistir em disputar as eleições de outubro próximo.
O vazamento do inquérito por Arruda e Estevão resultou em um efeito cobra de duas cabeças; envenenando o grupo de Rollemberg, mas, também a turma de Arruda.
Enquanto isso o ex-senador, Luís Estevão, no castigo Penitenciária Papuda aguarda ansioso a chegada da ORCRIM fisgada no inquérito 386/2018, agora desmembrado em quatro partes.