A greve dos metroviários do Distrito Federal (DF) completa neste sábado, 62 dias de paralisação. A categoria não dá nenhum indicativo de que irá encerrar o movimento paredista, que coloca em risco a saúde da população neste período de pandemia.
Na última audiência intermediada pelo Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 10ª Região, o Sindicato dos Metroviários (SindMetrô) bateu o pé e decidiu recusar a proposta da empresa dando continuidade à paralisação, que começou no dia 19 de abril.
Movimento político
O movimento dos metroviários vai muito além das simples reivindicações que justificaram para a paralisação dos serviços.
A ação sindical é política e tem o objetivo de desgastar o governo do Distrito Federal neste momento de pandemia.
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Com maior aglomeração no transporte público, mais gente infectada ocupa os leitos dos hospitais, passando a sensação de que o governo não está fazendo nada para conter o avanço da doença e de evitar mortes.
Historicamente, os metroviários de Brasília sempre usaram o movimento paredista para conseguir aumentos salariais, mesmo que isso cause enormes prejuízos à população usuária dos transportes públicos.
Em 2019 a greve dos metroviários chegou a 78 dias. Na época o Metrô calculou prejuízo de R$ 8,8 milhões por conta da suspensão do serviço.
Além de aproveitar o período trágico impactado pela Covid, que já matou mais de 9 mil pessoas no DF e provocou um enorme baques na economia, levando ao desemprego e a fome muitos trabalhadores, os metroviários lutam contra o processo de concessão do Metrô-DF para iniciativa privada.
Metrô arcaico
Desde quando foi inaugurado em 1994, pelo então governador Joaquim Roriz, com 28 carros, o Metrô de Brasília pouco evoluiu a não ser na sua pesada folha de pagamento provocada pelos inúmeros penduricalhos que colocam seus mais de 1.200 funcionários na posição confortável como os mais bem pagos no país neste setor.
Nestes 27 anos que separam o governo Roriz e o governo Ibaneis Rocha, o Metrô aumentou a sua velha e arcaica frota em apenas dois carros. O que arrecada não cobre a manutenção e muito menos a modernização do serviço. O metrô trafega ainda na idade da pedra.
Concessão
O processo de concessão do Metrô de Brasília que tramita a passos largos na Secretaria de Mobilidade porá o fim desse período jurássico e junto os privilégios adotados por servidores que apeiam o setor público.
A greve de hoje é um bate pé contra o processo de concessão da Companhia do Metropolitano do DF para a administração do capital privado.
De acordo com a proposta, a concessão para gestão, operação e manutenção do metrô terá duração de 30 anos. O vencedor do certame deverá aumentar a frota de 30 para 50 trens, o que reduzirá o tempo entre as viagens e aumentará a capacidade do sistema, de 133 mil passageiros por dia para 232 mil passageiros por dia.
A concessão da Companhia do Metropolitano do Distrito Federal (Metrô-DF) para a iniciativa privada está caminhando no governo e pode ser levado ao pregão neste segundo semestre de 2021.