Para o governo Rollemberg, é mais fácil mandar punir os profissionais das forças de Segurança do DF, como ocorreu com o 2º sargento Fabrício Marcos de Araújo, do que assumir a culpa por não ter um programa que efetivamente cuide da saúde dos policiais civis, dos militares e dos agentes penitenciários que sofrem pressão profissional, cobranças de superiores, falta de valorização e de ideais, excesso de carga horária e remuneração ruim e humilhante
Por Dr. Carlos Alberto Araújo
O caso do bombeiro militar que pegou um caminhão em um quartel da corporação em Ceilândia, dirigindo em alta velocidade em direção ao Plano Piloto na madrugada de domingo (03) , vai muito além do uso sensacionalista do fato tratado pela mídia e da prisão preventiva decretada por um juiz de plantão na Central de Custodia.
Por trás do gesto tresloucado do Sargento Fabrício, existe uma grave situação que o governo Rollemberg prefere ignorar: a agonia da Segurança Pública cada vez mais doente.
Não apenas pelo desmonte proposital percebido pela sociedade nos últimos três anos, que faz aumentar a violência na capital do país, mas pelo falta de motivação aos seus profissionais.
Não é prisão e nem abertura de processo de expulsão contra um policial surtado que vai resolver o problema. O governo Rollemberg deveria se desculpar com os valorosos militares e seus dependentes diante da incompetência do Estado para cuidar de quem cuida e protege bravamente a vida e a integridade da sociedade brasiliense.
Aproveito por outro lado, para parabenizar o experiente médico Jofran Frejat, pre-candidato a governador do DF, por mais uma vez sair à frente, ao incluir na sua plataforma de governo um programa especial de atendimento de saúde voltado especificamente para os profissionais da segurança pública e de seus familiares.
Voltando ao caso do probo militar Fabrício, com mais de dez anos vergando a heroica farda cor de fogo do nosso Corpo de Bombeiros é apenas um no meio dos mais de quatro mil profissionais da área da Segurança Pública do Distrito Federal, além de seus dependentes, que clamam por socorro médico e que esperam na interminável fila por um acompanhamento psiquiátrico e psicólogo.
Na PM, por exemplo, existe apenas um médico desta área para atender uma tropa de mais de 11 mil policiais , além de seus dependentes.
A imensa maioria dos profissionais da Segurança Pública, como o Sargento Fabrício, tem uma relação de paixão com o trabalho, mas o excesso de dedicação pode se transformar de uma hora para outra, isso é fato.
Qualquer análise feita por quem domina a área médica, que não é o meu caso, pois sou advogado militante, pode atestar que o bombeiro foi atacado por um surto provocado pela síndrome de esgotamento profissional.
Ele não é um criminoso como foi severamente tratado pelo Estado como um ladrão, é uma pessoa que precisa de ajuda.
Embora o fato ter ocorrido na madrugada de domingo, no entanto até agora o caso Fabrício foi tratado de forma unilateral apenas por um juiz que decretou a sua prisão.
Não se tem informação de que o sargento tenha passado por alguma avaliação médica que possa apontar as verdadeiras causas dos transtornos que o levaram a agir de tal maneira.
Na cadeia, logo será abandonado por este governo que não tem compromisso nenhum com o bem-estar de seus servidores, principalmente com aqueles que trabalham diretamente com a população como é o caso dos profissionais da saúde, da educação e da segurança pública.
*Carlos Alberto Araújo de Souza é advogado especializado em direito fundiário, direito civil, criminal; fuzileiro naval aposentado da Marinha do Brasil; ex-instrutor de cursos voltados para a Segurança Pública e é pré-candidato a deputado distrital.
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