Sem ter a quem recorrer, o Frei Vicente, responsável pelos cuidados com crianças atendidas pelas creches da Associação Cruz de Malta, faz um apelo dramático, por meio das redes sociais, para que o governador Rodrigo Rollemberg ajude a evitar um leilão de crianças, tal e qual um leilão de vacas, bois ou cavalos ao promover nesta terça-feira 11, o despejo de 1.200 crianças que usam prédios do GDF como creches.
APELO URGENTE!!! Sou presidente da Associação Cruz de Malta que cuida de 1.200 crianças entre quatro meses e cinco anos. Coordenamos sete creches. Cinco delas funcionam em prédios cedidos pelo do Governo do Distrito Federal – GDF e duas em prédios da Associação (450 crianças).
Conforme a lei, a cada cinco anos, é necessária a renovação dos convênios das creches que funcionam nesses prédios. Esta ação está prevista para acontecer na próxima terça-feira.
Com o grande apoio do GDF, pelo qual agradecemos muito, e com o apoio de muitos dos senhores acolhemos mil e duzentas crianças nesses sete prédios.Sou muito agradecido a esta comunidade que tem nos ajudado com iniciativas como a edição de livros e a compra de livros contendo as minhas homilias em benefício das creches, realização de jantares beneficentes e doações. Gisele Garcia está fazendo uma importante campanha no Facebook para a adesão de amigos das creches. Porém a emergência de hoje é algo mais grave que apoio financeiro.
Em Brasília e entorno existem quarenta e sete creches que funcionam em prédios do GDF. Está agendado para a próxima terça-feira às nove horas da manhã o novo credenciamento, apesar dos apelos dos pedagogos da Secretaria de Educação para evitar a medida.
Não se trata de falar mal do Governo, mas é que alguns juristas entendem que deve ser feito o leilão como se faz com de uma ponte, estrada ou outra coisa qualquer, desconsiderando necessidades inerentes às crianças.
Por exemplo, as senhoras que trabalham como voluntárias contando histórias para as crianças na Creche Ipê Roxo, onde há três anos uma equipe de pessoas treinadas acolhem essas crianças, se nada for feito para impedir, podem chegar lá chegar lá na quarta-feira e não encontrarem mais a equipe.
Não será possível remanejar toda equipe para outra creche e mesmo que fosse, existe a dificuldade concreta das crianças que moram perto de uma creche se deslocarem para outra mais distante.
Além de tudo, conforme o tal chamamento, cento e trinta e seis crianças vão perder todos os seus cuidadores e voluntários e passarão a ser assistidos por diferentes equipes. Isso significa abandono para essas crianças. É necessário um tempo grande para que se adaptem à nova situação. Se nada for feito para impedir, essas crianças vão perder as referências das pessoas que trabalham com elas durante dez horas por dia.
O fundamentalismo jurídico pode acarretar em riscos: danos psíquicos e abandono afetivo dificilmente curáveis na vida adulta.
Estou acostumado a ouvir o choro das crianças, a gente reconhece quando elas choram porque estão com uma dorzinha, um mal estar ou quando estão chorando pela dor do abandono. No primeiro dia de creche, elas choram o abandono, depois se adaptam aos cuidadores e voluntários, criam laços afetivos e se ambientam perfeitamente.
Apelei para os grandes para evitar prejuízos às crianças, não consegui. Apelos para vocês pequeninos. Peço que ajude-nos a evitar um leilão de crianças, tal e qual um leilão de vacas, bois ou cavalos.
Espalhem esse apelo aos seus contatos, divulguem nas redes sociais. É o pedido que lhes faço hoje.
Frei Vicente
