Não foi apenas o vice-governador Renato Santana (PSD), depois de ser chamado de “irresponsável e leviano” pelo governador Rodrigo Rollemberg, que recuou de falar o que sabe na CPI da Saúde na quinta-feira passada, sobre o suposto esquema de propina montado dentro da Secretaria de Saúde e da Fazenda do Distrito Federal. Em entrevista ao jornalista Eric Zambon do Jornal de Brasília, o ex-subsecretário da pasta de Infraestrutura e Logística da Secretaria de Saúde, Marco Antônio Ferreira da Silveira Júnior também disse que o mapa apresentado por Marli Rodrigues na CPI, não se trata do mapa da propina. O ex-secretário de Saúde, Fábio Gondim, também saiu pela tangente.

“Ela fugiu um pouco da realidade. Pegou a gravação (com o vice-governador Renato Santana) e juntou com o desenho, que não tinha nada a ver”, contestou Júnior, que não está em Brasília. “Quando o Fábio (Gondim, ex-secretário de Saúde) saiu de lá, a gente queria entender o que aconteceu. Não foi um papel que eu escrevi (sobre propina), foi um papel que eu ajudei a identificar as nomeações de quem estava lá”, reforçou.
Segundo ele, Gondim pediu exoneração, publicada no Diário Oficial do DF em 2 de março deste ano, por não ter podido montar a própria equipe durante sua gestão. O então titular da Saúde queria exonerar o subsecretário de Administração Geral (Suag), Marcello Nóbrega – hoje à frente da Sulis -, e o responsável pelo Fundo da Saúde, Ricardo Cardoso – exonerado no último 21 de junho -, por acreditar que eles não eram eficientes. Ao solicitar a saída dos dois ao governador Rodrigo Rollemberg, porém, ouviu uma negativa.
“A ideia era entender de onde surgiram as nomeações para saber porque (o governador) não poderia atender ao pedido de exoneração. Quando você pede para mudar uma pessoa que não é eficiente para a gestão e não é atendido, você entende que não tem apoio”, lamentou, acrescentando que tanto ele quanto Gondim enfrentaram vários problemas pessoais em decorrência do desgaste na administração da pasta.
Conforme Marco Júnior, divergências quanto aos métodos de compra, métodos de definir as prioridades e a morosidade no andamento de processos licitatórios minaram o trabalho do setor tocado por Nóbrega. Já na área de Cardoso, o problema era a produtividade. “Você tinha um Fundo, que tinha de ser uma área para (previsão de) despesa, e nunca fez uma única projeção orçamentária”, dispara.
Quanto à autora das denúncias, a presidente do Sindsaúde, Marli Rodrigues, o ex-subsecretário disse gostar dela, por acreditar que “ela tinha total interesse de chegar à verdade”. Ele, acredita, porém, que ela tenha se afobado. “Ela jogou isso na mídia para repercutir de uma forma que eu não acredito que deveria. Ela desvirtuou um pouco a história da gravação com o vice-governador, pegou isso e ligou com a Secretaria de Saúde. Não vejo nexo”, rebate.
Por fim, ele desabafou quanto às condições de trabalho e ao jogo de influências que existe dentro da pasta. “Estávamos cansados de lutar para conseguir fazer as licitações. Cansados de passar por todo aquele estresse, por tudo que acontecia. Era mídia criticando e a gente não tendo apoio nem para formar a equipe que entendiamos ser a correta. Tentamos trabalhar com quem já estava lá, mas as coisas não andavam”, finalizou.
Marli Rodrigues se manifesta
Em resposta às peguntas feitas após a conversa com Marco Júnior, a presidente do Sindsaúde, Marli Rodrigues, disse pelo WhatsApp que é “melhor ele (Marco Júnior) explicar às autoridades, ressaltando que, agora, “as questões estão com o MP”. MArli lembra aindas que, como está tudo gravado, “é melhor as autoridades competentes fazerem a análise técnica” E disse que, “quanto a ele recuar ou não está tudo gravado a forma de interpretar o organograma”.
Fábio Gondim nega conhecer organograma
Ouvido pela reportagem, o ex-secretário Fábio Gondim se recusou a comentar as exonerações dos subsecretário e também não falou de sua saída da pasta. Ele também disse não ter conhecimento do organograma formulado por Marco Júnior.
Postado por Radar