Visão Radar
Um comercial de bebidas deu popularidade há alguns anos atrás a um bordão que dizia: “Eu sou você amanhã”. Calma, este artigo não trata do consumo de álcool, muito pelo contrário. Vamos usar este espaço pra falar de saúde. Mais que isto do Sistema Público de Saúde do Distrito Federal e o futuro sombrio que se avizinha, bem na nossa cara.
lguma voz com certeza irá se levantar pra dizer, mas há como piorar o que já está ruim? A resposta é fácil e direta: “Pode sim”. Basta pra isto que acompanhemos o que está acontecendo no Rio de Janeiro, berço das Organizações Sociais, Goiás e em São Paulo, onde foram implantadas como panaceia da saúde, vendidas como um sonho que agora virou pesadelo.
Durou pouco o modelo tido como de vanguarda, na verdade durou o tempo necessário para que os desvios e a corrupção tomassem conta de toda rede, até merecer matéria no Fantástico, explicando com detalhes onde foi parar o dinheiro da saúde dos cariocas e fluminenses e pintando em cores vivas o quadro negro do sofrimento e do desalento da população do Rio de Janeiro. Aqui do lado a estória não foi diferente. A saúde agoniza em pleno centro do País.
Por aqui o Governador do Distrito Federal resolveu, sem qualquer aviso prévio, nem mesmo como bandeira de campanha o fora, seguir o mesmo caminho do descalabro carioca e goiano, e por óbvio o resultado num futuro próximo, com certeza será o mesmo.
Na verdade o caos de hoje nos remete ao passado recente de um Novo Caminho que se somou, como irmão siamês, ao decantado sistema da Nova Política que o sucedeu, para entregar a próceres nacionais áreas centrais da Administração Pública do DF, apenas pra fazer caixa eleitoral e sem nenhum compromisso com o futuro da cidade, deixaram a degradação da saúde se agravar, pra poder usá-la como justificativa pra privatização disfarçada que se pretende realizar.
Como se não bastasse, somos testemunhas inertes do toma lá dá cá, que visa unicamente viabilizar a aprovação das OSs, enquanto bilhões correm pelo ralo, destruindo o sistema para assim justificar outros bilhões que irrigarão a privatização travestida de Organização Social, mas que de social não tem nada, como nos mostra o noticiário nacional. Não por outra razão Rollemberg entrega cargos e verbas para obter votos favor das OSs. Pior é o ensurdecedor silêncio do MPDFT.
Apenas no ano passado foram gastos pelo GDF quase 7 bilhões do orçamento local e mais alguns milhões em transferências federais, numa saúde que não vale a décima parte do que gasta. Este ano já foram mais 2,5 bilhões somente até abril e os Órgãos de Fiscalização e Controle se mostram impotentes e incapazes pra impedir ou mesmo resolver o problema, e assim as mortes se sucedem na esteira do mau atendimento, rotinas que passaram a dar o tom da nossa saúde, diante da falta de profissionais suficientes, de equipamentos que nunca funcionam e de insumos e remédios que nunca chegam em quantidade adequada pra cuidar da população, que passiva sofre todos os dias em postos de saúde, UPAS e hospitais.
Neste quadro de desesperança onde nada na saúde funciona, além do esforço dos abnegados servidores, que não se deixaram abater pelo sistema mal cuidado e abandonado, ante os compromissos éticos e morais assumidos individualmente com a profissão que abraçaram.
Este é o quadro em cores negras que o futuro nos desenha neste perverso modelo de Organizações Sociais, quase criminosas a nos dar o tom do futuro sombrio que nos aguarda. Que a Câmara Legislativa resista e os cidadãos de bem se mobilizem em defesa da nossa saúde.
Da Redação Radar