Os deputados de oposição ao governo Rollemberg comemoraram o fato do grande reforço que ganharam ao terem o apoio da presidente da Câmara legislativa, Celina Leão (PPS). Em uma entrevista ao Política Distrital nesta quarta-feira (04), a deputada disse que não vai colocar em pauta o Projeto de Lei do Executivo que institui a gestão da Saúde por meio de Organizações Sociais (OSs). Celina foi mais adiante: disse que está disposta a instalar abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Saúde, um prato indigesto que Rollemberg não quer.
interferência do governador Rodrigo Rollemberg ao projeto de reeleição da presidência da Câmara Legislativa do Distrito Federal pode sair bastante caro para um governo que contava como certo que iria aprovar, folgadamente, o seu projeto de privatizar o SUS, uma das maiores conquistas da população brasileira, na capital da República. A deputada Celina Leão que teve que retirar de pauta a proposta de reeleição da mesa diretora do legislativo deixou claro que a sua posição não se trata de mero revanchismo. Ela defende como, parte dos distrais também defende que o assunto da privatização da saúde tem que ser discutido após a CPI.
O sistema de Saúde Pública tem sido historicamente o maior duto de corrupção do GDF o que transformou o atendimento a população na maior mazela do Distrito Federal. Para o deputado Wellington Luiz (PMDB), que já subscreveu vários pedidos de CPI da Saúde apresentados na Câmara Legislativa, o governador Rollemberg quer inovar os “modus operandi”da corrupção ao entregar o sistema de saúde pública do DF às Organizações Sociais.
“Elas não deram certo em canto nenhum. No Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás, os desvios e a corrupção tomaram conta de todo o sistema de saúde de forma bem escancarada. Em Brasília, será a mesma coisa se esse projeto for aprovado”, apontou o deputado.
Já o deputado Ricardo Vale, autor de uma Proposta de Emenda à Lei Orgânica nº 43/2016, que visa impedir a contratação e gestão das Organizações Sociais (OSs) no DF, disse ao Radar ter solicitado do Tribunal de Constas do Distrito Federal um parecer sobre a implicação das OSs na Lei de Responsabilidade Fiscal. A resposta, segundo ele é de que a contratação de servidores terceirizados por OSs se enquadra no limite da LRF. “Vender o sistema de saúde pública é um ato vergonhoso e imoral”, disse o parlamentar.
E ponha vergonha nisso. O Radar apurou que no ano passado foram gastos pelo GDF quase 7 bilhões do orçamento local e mais alguns milhões em transferências federais, numa saúde que não vale a décima parte do que gasta. Este ano já foram mais 2,5 bilhões somente até abril e os Órgãos de Fiscalização e Controle se mostram alheio ao problema diante da falta de profissionais suficientes, de equipamentos que nunca funcionam e de insumos e remédios que nunca chegam à quantidade adequada pra cuidar da população, que passiva sofre e morre todos os dias em postos de saúde, UPAS e hospitais.
A firme posição de Celina Leão reacendeu as esperanças de que o Sistema de Saúde Pública tem que passar por investigações que visam estancar os propinodutos até agora intocáveis e inquestionáveis por órgãos de controles do DF. Ao todo, três requerimentos de investigações foram apresentados na CLDF. O primeiro foi apresentado pelo distrital, Rodrigo Delmasso (PTN), um por Lira (PHS) e o mais recente por Bispo Renato Andrade.
No início desse ano, Rollemberg atuou para aumentar a base de apoio ao governo na CLDF. A estratégia foi negociar cargos em secretarias e administrações regionais. O passo seguinte foi pressionar os distritais para tentar obter apoio para aprovação do PL da OSs, cujo chamamento publico nº 001/2015 foi publicado em novembro do ano passado. Além da Saúde, outros segmentos podem ser entregues as OSs. É o caso da Educação, Cultura, Pesquisa Científica e Desenvolvimento Tecnológico. A população do DF espera que a posição de Celina Leão dessa vez seja pra valer. O Radar tá ligado!
Da Redação Radar
LEIA MAIS SOBRE ESSE ASSUNTO: