Rômulo Neves, ex-chefe de gabinete do governador Rodrigo Rollemberg, ao comentar sobre o aumento dos preços das passagens de ônibus e metrô, diz que o governo joga nas costas do usuário um custo que era para ter sido revisto lá atrás. Diz ainda, que sem o controle do sistema, fica difícil para o governo atacar os problemas. Para Neves, Rollemberg não teve a coragem para rever os contratos leoninos com as empresas de ônibus e que a saída é meter ferro no lombo da população.
*Por Rômulo Neves
m relação ao aumento das passagens, quando eu ainda estava no Governo, defendi – e fui voto vencido – uma imediata revisão do contrato com as operadoras de ônibus, porque o contrato tem várias armadilhas, que oneram o orçamento. Depois, a indicação da Justiça para forçar a revisão provou que eu estava certo.
Aí, ao invés de aproveitar a decisão da Justiça, o Governo vai e defende judicialmente os contratos leoninos… Infelizmente, o que era para ser feito, não foi feito e, agora, o Governo sangra, com todos os agentes políticos fazendo a festa em cima das pataquadas do Executivo.
Na real, entretanto, é um caldo de desconhecimento e populismo (porque os próprios deputados que são contra o aumento, sobrecarregaram o sistema com leis que garantem gratuidades inaceitáveis, a exemplo da gratuidade para alunos de cursinho – hello!!!!!, como assim, a sociedade pagar ônibus para aluno de cursinho???? Sim, porque toda gratuidade é paga pela sociedade).
Tudo isso, combinado com uma gestão desastrosa e circo está armado. Foi pelos menos um ano e meio de desastre na Secretaria de Mobilidade. A atual equipe, séria, já pegou um abacaxi podre. O secretário anterior saiu, com um ano, sem nem entender o sistema. Imagina o atraso de vida que é passar todo esse tempo sem resolver um dos principais problemas do Governo…
Aí, o Governo joga nas costas do usuário um custo que era para ter sido revisto lá atrás. Sem controle do sistema, fica difícil atacar os problemas. Sem coragem para rever os contratos, a saída é meter ferro no lombo da população. Mas o tiro saiu pela culatra.
Sem transparência – cadê as contas da Tarifa Técnica? – Ninguém acredita nas justificativas do Governo, porque o Governo não investiu em sua credibilidade. Desde o início. Aí, agradar gregos e troianos dá nisso. Parece que o Governo não entendeu que o mais eficiente é ser claro e transparente, desde o início, sempre. Como acham que são mais espertos do que todos os outros agentes, os planos dão com os burros n´água.
Uma das tarefas que executei na transição foi a análise de vários contratos e serviços públicos. Claramente, o contrato fruto da licitação com as operadoras era ruim para o Governo. Havia – e ainda há – problemas graves com a falta de transparências das empresas nas informações sobre os fatores que compõem a tarifa técnica; havia, e acredito que ainda haja, muitos problemas com fraudes nas gratuidades; havia e ainda há – porque nada mudou – cláusulas muito ruins nos contratos, que acarretam danos ao erário, várias graves, mas a mais grave, a remuneração por usuário e não por quilômetro rodado, contrariando a tendência de vários outros lugares, que estão conseguindo vencer esse problema.
Ao invés de atacar o problema de frente, desde o início, a opção foi empurrar com a barriga, dar a Secretaria na mão de um amigo despreparado para o cargo, sem definição clara do que fazer ou coragem para fazer, ou achando que não fazer o que era preciso, iria garantir apoio para sua eleição….
Enquanto isso, os subsídios explodiam. Fazenda e Planejamento fazem a parte deles: fazem contas, para poder fechar as contas. Mas o leite já estava derramado. A falta de controle já está instalada. A falta de coragem já fincou raízes. INACREDITÁVEL, LAMENTÁVEL, TRISTE.
E o Executivo vai servindo de boi de piranha para o Legislativo, TCDF, MP, etc, etc. etc. Sem clareza, sem transparência, sem Norte, não há Governo que se segure. A articulação de bastidores já era, porque os tempos estão complexos E PORQUE NINGUÉM É CONFIÁVEL.
Exatamente por isso, o Governo teria de se apoiar na população, sendo absolutamente transparente desde o início, com os dados abertos, para que todo remédio amargo fosse precedido da compreensão por todos. Mas, para isso, não pode fazer joguinho. Pois o primeiro joguinho coloca toda a credibilidade abaixo. E já foram tantos. Não investiu em credibilidade, já era. Agora, não adianta apenas jogar a conta. Enquanto não entenderem isso, vai ser só ferro….
*Rômulo Neves- ex chefe de gabinete do RR
Você precisa fazer login para comentar.