A midiática “operação tartaruga”, ocorrida entre 2012 a 2014, se tornará fichinha se os familiares dos quase 12 mil policiais militares do Distrito Federal decidirem fazer o mesmo que as mulheres, namoradas, filhos e filhas dos policiais militares do Espírito Santo estão fazendo, desde o ultimo sábado, nas portas dos batalhões militares para pressionar o governo a cumprir com as reivindicações da tropa. Essa possibilidade é real entre os familiares dos militares do DF e enche de medo o governador Rodrigo Rollemberg e todo o comando da PMDF
o entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), o direito de greve não se estende aos militares, que são proibidos de fazer paralisações. Por causa da lei, quem foi para frente dos quartéis do Estado do Espírito Santos, para impedir que os militares saísse para patrulhar as ruas, foram as suas mulheres, seus filhos e filhas em um movimento que iniciou no sábado (04), e que continua em negociação com o governo no cumprimento de suas reivindicações. Resultado: a paralisação da PM transformou o Espírito Santo em um caos.
O fato encheu de preocupações governadores de outros Estados e o governo da União sobre a situação de miséria que vivem as Policias Militares de todo o país, bem como o elevado sentimento de revolta da família militar diante dos péssimos salários e perdas das garantias conquistadas.
No caso do Distrito Federal, os quase 12 mil policiais da PMDF com as suas famílias se espelham na revolta sentida pelas famílias dos policiais do Espírito Santo. Nos últimos dois governos do DF, o tratamento diferenciado que os militares tiveram foram: perda de direitos conquistados, a falta de reposição salarial, contingente reduzido por falta de concursos, péssimos equipamentos de trabalho e uma lei que os proíbe de reclamar.
Até hoje, o policial militar do DF não tem um plano de carreira definido em que possa ser promovido por tempo de serviço, semelhante o que ocorre com um agente da Policia Civil, sem depender da boa vontade do governador de plantão no Buriti.
Outros pontos que atiçam a insatisfação da categoria são a sobrecarga de serviço devido ao pouco efetivo da tropa, provocado pela falta de concurso público para a área. Os policiais militares que deveriam trabalhar e ficar de folga, dentro de suas respectivas escalas de trabalho, terminam trabalhando todos os dias e ganham, com isso, míseros 300 reais a mais no contracheque no final do mês.
O que mais preocupa o policial do DF e seus familiares é a falta de equipamento que lhe dê total segurança para desenvolver um trabalho de extremo perigo. Os dez mil coletes a prova de balas, que os policiais carregam sobre o peito, já estão vencidos. Muitos policiais são obrigados a ir para ruas desprotegidos usando coletes vencidos há mais de 1 ano.
Desde 2015, o governo de Brasília embroma com a realização de uma licitação que nunca saiu do papel. Foram feitas duas que não deram certo. Um policial que tira serviços em regiões com alto grau de periculosidade como a Ceilândia ou a Estrutural, por exemplo, corre o risco de não retornar vivo para casa.
Pelo mesmo motivo, uma juíza da Justiça Federal decidiu na semana passada impedir que policiais federais saíssem às ruas para operações com coletes à prova de bala da corporação vencidos. A ação foi ajuizada pelo Sindipol-DF, entidade afiliada à Federação Nacional dos Policiais Federais (Fenapef). Mas essa é outra história.
A PM não tem quem brigue por ela. O sentimento de revolta é carregado por cada policial que desabafa junto aos seus familiares que por sua vez não sabem a quem recorrer, como ocorreu com as mulheres dos policiais PMs do Espírito Santo.
O policial que capotar com uma das imprestáveis viaturas da PMDF, durante uma perseguição a bandidos, é obrigado a pagar pelo concerto do veiculo. Baita sacanagem! Das 378 Mitsubishi, modelo Pajero Dakar, que foram compradas pelo Governo do Distrito Federal em 2012, vinte delas capotaram, produzindo mortes e ferimentos graves em seus ocupantes.
Além de coletes vencidos e viaturas inapropriadas para as operações policiais, as armas usadas pelos militares do DF vivem causando problemas de funcionamento como foi o caso de algumas pistolas Taurus .040 que disparavam sozinhas igual metralhadoras.
Desta vez, quem vem apresentando defeito são as fajutas pistolas tasers, modelo Spark 700 adquiridas pela PM junto à empresa Condor S.A. “Tinha PM que estava pegando mais choque na hora de acionar a arma do que o próprio bandido. Alem disso há o risco de explosão e derretimento do cabo”, contou um policial ao Radar.
As perdas dos direitos da categoria militar começaram em 2001 com o fim do quinquênio que era um aumento gradual. O direito da pensão vitalícia para os filhos dos policiais também foi cortado. No ano passado, soldados, cabos e sargentos chegaram a ensaiar uma “tartaruga velada” na Praça do Relógio, em Taguatinga, para reivindicar a fluidez das carreiras. Mas tem uma situação que o governo não está nem aí e subestima: o descaso com a saúde da família militar.
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