Quem rebobinar o “filme de 2010” encontrará cenas em que os então candidatos ao Senado, Rodrigo Rollemberg (PSB) e Cristovam Buarque (PDT), caminham “juntos e misturados” pelas cidades do DF com o candidato a governador Agnelo Queiroz (PT). Este, por sua vez, se dava ao luxo de dizer que havia elegido dois senadores e aliados de confiança.
Dois anos depois o PSB devolveu ao governador petista a Secretaria de Estado de Turismo (Setur), a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Rural (Seagri), a Administração Regional do Lago Norte, a Central de Abastecimento do Distrito Federal (Ceasa-DF), e a Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater-DF).
Rollemberg alegava a ausência de diálogo do governo com o PSB; incapacidade do GDF de solucionar problemas graves, especialmente nas áreas de saúde, segurança, educação, transporte, meio ambiente e ciência e tecnologia; e o afastamento do governador Agnelo dos compromissos de campanha e dos aliados históricos.
Um ano antes, o PDT fez a mesma coisa ao deixar a base aliada do governo. A decisão do PDT foi tomada depois de Agnelo Queiroz, pela segunda vez, indicar o titular da secretaria de educação sem consultar o senador Cristovam Buarque, principal liderança da sigla no DF. Agora, em 2014, o “filme” se repete.
O anúncio feito pelo governador eleito Rodrigo Rollemberg dos 25 secretários do seu governo deixou feridas expostas que estão levando os principais partidos que formaram a coligação “Somos todos Brasília” a deixarem Rollemberg antes mesmo da posse do novo governador. O motivo é o mesmo: Rollemberg não teria dado a mínima para os aliados (LEIA AQUI).
Cristovam Buarque teria ficado insatisfeito por ter uma indicação sua vetada por Rollemberg para ocupar a secretaria de educação. O senador eleito José Antonio Reguffe (PDT) foi outro que saiu batendo o pé depois que Rollemberg rejeitou o seu pedido para que abrisse mão dos impostos sobre os medicamentos, principal bandeira da campanha de Reguffe, mas grande fonte de receita para o GDF.
Cristovam e Reguffe reclamam que teriam sidos traídos por Rollemberg ao indicar para a Secretaria de Trabalho, o presidente do PDT-DF, Georges Michel Sobrinho, próximo de Carlos Lupi, presidente nacional do partido, aliado do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff. Vai entender esses “trabalhistas”!!!
A escolha pragmática de Rollemberg teve a nítida pretensão em “amarrar” no mesmo pacote os três deputados distritais do PDT local. A deputada Celina Leão que até antes da escolha dos secretários do novo governo sonhava com a presidência da CL e contava para isso com a ajuda de Rollemberg, já se sente uma “carta fora do baralho”. Para o posto, setores importantes do novo governo trabalham escancaradamente o nome do Dr. Michel (PP).
A guerra surda empreendida por Reguffe e Cristovam contra Rollemberg pode se materializar com o registro definitivo pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) da Rede Sustentabilidade, de Marina Silva. A coleta de assinaturas para a formalização do grupo como partido político se intensificou nesses dois últimos meses.
A meta dos apoiadores de Marina é angariar 100 mil assinaturas para o registro ser concedido no início do próximo ano. Reguffe e Cristóvão irão pular fora do PDT para encarar um projeto em 2018 para o governo do Distrito Federal. Os dois prometem fazer uma oposição ferrenha no Senado contra o governador Rodrigo Rollemberg.
Alguns analistas que este Radar considera conhecedores do cenário político local, afirmam que Reguffe e Cristovam subiram ao altar para o “casamento com Rollemberg”, com o pedido de divorcio já no bolso. Ou seja: qualquer que fosse o comportamento do governador eleito com a dupla, eles iriam romper e reclamar “aos quatro cantos”, pois ambos já tinham esse projeto de 2018 combinado.
Cristovam, que de bobo “só tem o jeito de andar”, como dizem os antigos, vai precisar da máquina de votos Reguffe para renovar o seu mandato, e com isso, não custa nada fazer do jovem senador candidato ao GDF. Vai que cola! Não colou para o Senado???
Boquinhas e chantagens
Blog do Prof. Chico
Desde o anúncio do resultado do segundo turno das eleições em nosso DF, tomou conta da nossa imprensa e, especial dos blogs (este espaço em franco crescimento pela sua competência e importância), notícias do tipo: partido tal se acha mais importante e “dono” de parte significativa do próximo governo, por determinado motivo; lideranças A e B se acham no direito de indicar tais e tais secretários, pois somaram com quantidade X de votos com a sua legenda; Câmara Legislativa engessa o próximo governo; distritais reclamam cargos; administrações regionais servirão para acalmar parlamentares; atual governo deixa rombo de 3,8 bilhões e algumas “armadilhas” para seu sucessor; e por aí vai. Continue lendo aqui.