Três servidores do Palácio do Buriti, acusados de cobrar R$ 214 mil para garantir que o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde (SindSaúde) recebesse as contribuições sindicais que tem direito, foram denunciados pelo Ministério Público do Distrito Federal nesta terça-feira. No entanto, a ação apresentada à Justiça não é mencionado o suposto esquema de propina instalado no GDF, denunciado pelo vice-governador Renato Santana, no qual estariam envolvidos os “tubarões” da alta cúpula do governo Rollemberg
Os servidores do Palácio do Buriti, ligados a Secretaria de Planejamento, Edvaldo Simplício da Silva e Christian Michael Popov, além do ex-ouvidor-geral da vice-governadoria, Valdecir Marques de Medeiros podem perder cargos públicos e ter os direitos políticos suspensos por até 5 anos, além de pagar multa caso sejam condenados pela justiça.
O Ministério Público do Distrito Federal enviou à Justiça ação de improbidade administrativa contra os servidores. Eles cobravam uma propina de R$ 214 mil para que o Sindisaúde recebesse a contribuição sindical que tem direito por meio da folha de pagamento dos servidores da categoria.
Marli Rodrigues gravou a conversa do pedido de propina feita pelo grupo e entregou os áudios ao Ministério Público que abriu um procedimento investigativo por meio da operação Delfos, deflagrada pelo MP e pela Polícia Civil do DF em agosto de 2016.
No mesmo material entregue ao MP havia um áudio com a revelação bombástica feita pelo vice-governador Renato Santana (PSD). Ele também foi gravado por Marli Rodrigues. Na conversa, Santana revelou a existência de uma quadrilha que estaria desviando recursos da Secretaria de Fazenda destinados à pasta da Saúde. O vice revelou ainda ser um grande esquema de corrupção, no qual os contratos da Saúde só seriam fechados mediante o pagamento de 10% de propina.
Na época, a notícia caiu como uma bomba na Câmara Legislativa que apurava através de uma CPI as causas que afetavam o corroído sistema de saúde pública do DF. Convocado pela CPI da Saúde, Renato Santana reiterou a denúncia. Segundo ele, as informações chegaram ao GDF em abril de 2016 e que o governador Rollemberg tinha conhecimento do fato.
De acordo com Santana, um grupo de quatro empresários procurou a vice-governadoria para denunciar o esquema. Eles disseram terem sido abordados por um agente chamado Marcelo Radical, que prometeu “agilizar” pagamentos de dívidas pendentes de 2014 pela organização de eventos culturais como Festival de Cinema, Fifa Fan Fest, Motocapital e festa de réveillon.
O homem teria apresentado aos empresários, telas do Sistema de Gestão Governamental (Siggo), de acesso restrito ao GDF, dizendo ter “relacionamento com quem autorizava o pagamento na Fazenda”. Em troca da quitação das faturas, que somavam R$ 2,17 milhões, Radical cobrava o repasse de 10%, segundo a denúncia feita a Santana.
O caso foi repassado a Rollemberg dois dias depois, na residência oficial em Águas Claras, junto com as planilhas de débitos e um bilhete manuscrito dos empresários.
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