Por trás do apoio de grande parte dos deputados distritais, deputados federais e até de senadores que se transformaram em verdadeiros cabos eleitorais para eleger seus candidatos a conselheiros tutelares em eleições que ocorrem no Distrito Federal , neste domingo, tem o interesse de cada um deles de fortalecer os seus currais nas comunidades.
O deputado distrital Professor Israel (PV), que controla a Secretaria de Políticas para Crianças, Adolescente e Juventude do DF, órgão que organiza a eleição para a escolha dos 40 conselhos tutelares, tem trabalhando muito para eleger seus indicados em Ceilândia, Taguatinga, Gama, Vicente Pires e Estrutural. O distrital Di Lira (PHS) tem candidatos em São Sebastião, Varjão e Sobradinho. O vice-governador Renato Sanatana também tem seus preferidos.
O deputado federal Rôney Nemer (PMDB), por exemplo, também resolveu distribuir santinhos dos seus indicados que concorrem em várias cidades do DF. O senador Helio José, por meio de sua assessoria, entrou firme no Guará, Planaltina e Braslandia. Até o PSB, partido do governador Rodrigo Rollemberg, também entrou na corrida em apoio a vários candidatos ligados a legenda.
A eleição deste domingo está politizada e contaminada pelos políticos que veem no evento a chance de esticar seus redutos eleitorais por meio desses Conselhos Tutelares que podem se transformar na porta de entrada para fazer campanha das eleições em 2018. Como não há nenhuma regra de impedimento para transportes de eleitores tem candidato que conta com frotas de carros, gasolina e até ônibus. Existe até denuncia de compra do candidato.
O que muitos candidatos não sabem é que a partir de agora o conselheiro tutelar não pode mais acumular salários como era feito até o ano passado. Quem está no serviço público e que ganha um salário de R$ 10 mil, por exemplo, acredita que se for eleito o seu salário vai pular para R$14 mil. Não vai. Rollemberg cortou tudo em nome da economia e muita gente não sabe disso. Tem muito funcionários públicos que entraram na corrida na esperança de aumentar a renda. Se alguém for eleito neste caso, terá renunciar para não ter prejuízos.
Na visão do cientista político e presidente da Associação Brasiliense de Blogueiros de Política, Francisco de Paula Lima Junior, o envolvimento dos parlamentares na eleição dos Conselhos Tutelares do DF ao invés de servir de link entre o político e as comunidades carentes, pode causar efeito contrário.
“Isso porque faltam políticas afirmativas por falta de recursos o que deixa o desempenho dos Conselhos Tutelares a desejar. Não há estrutura de trabalho e a maioria dos Conselhos funciona abrigado em lugares insalubres. Além do mais, tem muita gente que vira conselheiro, porém não possui nenhuma vocação para administrar conflito familiar. Se o indicado do deputado tal não resolver os problemas quem vai pagar o pato é que o indicou”, analisa .
Desde quando foram abertas as inscrições para eleições dos Conselhos Tutelares do DF, várias denúncias no âmbito da justiça ocorreram. Um juiz decidiu suspender o pleito, mas o GDF recorreu e as eleições estão mantidas para este domingo. No entanto, o Tribunal Regional Eleitoral se nega a emprestar as urnas eletrônicas. Até agora ninguém sabe como será o processo de votação. Além do mais o Tribunal de Contas do Distrito Federal questiona a licitação feita pelo GDF que foi direcionada para a Fundação Getulio Vargas. Há contaminação por todos os lados.
Da Redação Radar
