“Quando a opressão é grande, o povo se rebela e não há lei que possa intimidar”, diz Marli Rodrigues, presidente do SindSaúde, ao criticar a decisão do STF que considerou legítima na última quinta-feira (27), a possibilidade de órgãos públicos cortarem o salário de servidores em greve desde o início da paralisação.
presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, avaliou como um “retrocesso” a decisão do Supremo Tribunal Federal ao considerar legal o corte de ponto e desconto nos salários dos servidores públicos em greve.
No Distrito Federal cerca de 30 mil servidores da Saúde tendem paralisar totalmente suas atividades por falta de diálogo do governo, que não cumpre os acordos salariais feitos no ano passado.
Em conversa com o Radar, a sindicalista, que representa mais de 100 categorias dentro do sistema de saúde do DF, afirmou que o STF decidiu de forma unilateral, ao olhar apenas o lado do empregador e não levando em conta a situação do empregado que é roubado e espoliado de seus direitos.
“O direito de greve é uma garantia social, conquistada após longos anos de luta, que serve de instrumento para a melhoria e aperfeiçoamento das condições de trabalho e até mesmo para a relação entre as partes. É um direito fundamental”, disse a sindicalista.
Marli Rodrigues apontou que o Estado está sempre exercendo a lei da mordaça contra quem reclama os seus direitos e que a decisão da Suprema Corte está na contramão de um dos direitos fundamentais do trabalhador, assegurado pela constituição desde 1988.
Ela também criticou a inércia do Congresso Nacional para regulamentar uma lei que já existe e que dá aos servidores públicos o direito de defender as suas conquistas usando o instrumento da paralisação.
“O fato de o salário dos servidores públicos estar em dia não significa dizer que o governo está cumprindo corretamente com a sua obrigação. No caso de Brasília, o desgoverno Rollemberg dá o calote e ainda quer botar mordaça nos servidores. Isso é inaceitável”, afirmou. A sindicalista ponderou que, em vez do Supremo usar a palavra “salário”, deveria usar a palavra “direitos, garantidos por lei”.
No ponto de vista de Marli Rodrigues a decisão que pune servidores públicos grevistas não foi unânime. Foi uma decisão apertada, o que indica que a própria Corte está dividida. Isso é muito ruim. Para ela, o direito à greve atravessou anos e enfrentou sistemas ditatoriais, como o que ocorreu no Brasil, e se consolidou na cultura do trabalhador.
“O Supremo deveria rever seu ponto de vista porque, em um mundo globalizado, não cabe mais esse tipo de mordaça. Essa medida não vai prosperar e nem vai impedir os trabalhadores de exercer o pleno direito de defender o que é seu”.
Por fim, Marli afirmou que, da mesma forma que o governo tem o direito de ir para a justiça pedir a ilegalidade de uma greve, os trabalhadores tem o mesmo direito de ir para as ruas defender seus direitos e garantias conquistadas. “No caso de Brasília, a população está sendo roubada e saqueada do direito à Saúde, à Educação e à Segurança desse governo Rollemberg, o pior governador da historia do DF”, afirmou.
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