De um lado, são os médicos que cruzam os braços sob a alegação de que não recebem os salários atrasados e que não aceitam a proposta do GDF de pagar “em cotas” os salários dos funcionários. Do outro, o governador Rodrigo Rollemberg que reclama da situação financeira do DF e atribuindo a culpa da atual situação ao seu antecessor, Agnelo Queiroz, que teria entregado o caixa com apenas R$ 64 mil reais.
Enquanto governo e médicos não se acertam, quem sofre com as consequências é a população que chega aos hospitais públicos do DF e não é atendida.
Em 1º de janeiro, o GDF ainda não havia pago os salários e nem os bônus de muitos de seus servidores e essa situação ainda persiste em muitos setores da administração pública. O novo governo defende que será preciso adotar medidas duras e tenta convencer a população de que o “sacrifício é necessário”.
Diante dos reiterados protestos e problemas de caixa, Rodrigo Rollemberg propôs pagar todos os salários em “cotas” nos dias 5, 15 e 24 de cada mês até outubro, prazo que ele calcula botar as contas públicas em ordem.
Na sexta-feira (9), o Sindicato de Médicos do Distrito Federal foi o primeiro a rejeitar essa proposta e anunciou uma greve por tempo indeterminado. À decisão dos médicos podem se somar os sindicatos de professores das escolas públicas, vigilantes e outros setores que dependem do Governo direta ou indiretamente.
Diante de fortes indicativos de paralisação dos servidores o governador anunciou no sábado (17), que iria desistir de pedir à Justiça que decrete a ilegalidade da greve dos médicos e reuniu ontem, domingo (18), com os representantes da classe médica e do MPDF (Ministério Público do Distrito Federal) para tentar uma nova negociação.
O governador voltou a fazer um apelo aos profissionais da saúde, lembrando que herdou uma dívida bilionária do governo anterior e por isso não tem dinheiro em caixa para pagar os salários de forma imediata.
Segundo Rollemberg, a medida é necessária para que o governo garanta os insumos e medicamentos necessários nos hospitais, regularize a coleta de lixo e garanta o transporte público funcionando. “Pedimos que todos os servidores da saúde, os médicos e os professores desenvolvam suas atividades normalmente, pois o caos não interessa a ninguém e garanto que o governo está fazendo todos os esforços para a vida voltar ao normal”, analisou.
Esta marcada para esta quarta-feira (21) nova assembleia que irá determinar se a categoria continua ou não de braços cruzados.
Os terceirizados que cuidam da limpeza dos hospitais também entraram em greve, por aumento de salário. E dez ambulâncias do SAMU pararam de circular por causa do atraso no pagamento de horas extras. Muitos pacientes foram obrigados a procurarem os hospitais e postos de saúde das cidades do Entorno.
Na visão dos médicos e professores a situação financeira é crítica, mas não tanto para que Rollemberg deixe de cumprir a lei que estabelece que os salários de todos os trabalhadores devam ser pagos integralmente antes do dia 5 de cada mês.
Os servidores acusam a equipe do governo, capitaneada pelo poderoso secretário da Casa Civil, Helio Doyle, de semear o terror contra o funcionalismo, para abrir caminho às medidas amargas, para supostamente recuperar as finanças públicas.
Acusam ainda o novo governo de usar a desculpa do déficit para não gastar em escolas e reestruturar os hospitais e manter o DF estagnado na prestação dos serviços públicos.
No entendimento do sindicato dos professores do DF (Sinpro-DF) para sair de uma crise tem que distribuir sacrifícios no topo, não na base, que não tem o que renunciar, levando as pessoas a passar fome e diminuir o poder aquisitivo de milhares de famílias.
Da Redação Radar
QUANDO A DEPENDÊNCIA “CALLA” UM BLOG
Desde que assumiu o cargo de chefe adjunto da Casa Civil para Comunicação Institucional e Interação Social do Governo Rollemberg, que o jornalista e blogueiro Ricardo Callado, deixou de atualizar o seu prestigiado e lido “Blog do Callado”. O último post publicado no dia 30 de dezembro o blogueiro anunciou aos seus leitores, uma breve pausa nos trabalhos e desejou um feliz 2015 para todos. (Veja aqui).