Depois de ter o nome citado junto com outros políticos que teriam se beneficiados com o esquema de propinas da construtora Andrade Gutierrez, em notícias publicadas pela imprensa neste final de semana, o ex-governador Agnelo Queiroz já não dorme mais direito e não sabe o que fazer se o juiz Sérgio Moro decretar a sua prisão temporária como vem fazendo com todos os que aparecem no bojo das deleções premiadas da lava-jato.
ex-governador do Distrito Federal Agnelo Queiroz (PT), até que pensou botar a cabeça de fora com o “volta Agnelo”, estimulado pela má gestão do Governo Rollemberg, porém resolveu embernar de vez e ficar com a barba de molho após a construtora Andrade Gutierrez ter iniciado as tratativas para um acordo de leniência admitindo crimes de corrupção em contratos em obras da Petrobras e na construção do Estado Nacional Mane Garrincha em Brasília.
Sede de sete jogos durante o Mundial, a arena custou R$ 1,6 bilhão, mais do que o dobro do valor inicial, previsto em R$ 670 milhões. Seria ainda o segundo estádio mais caro do mundo, perdendo somente para Wembley, em Londres.
No acordo de delação premiada a Andrade Gutierrez aceitou falar tudo o que sabe, bem como pagar uma multa de 1 bilhões de reais. O presidente da Gutierrez e o executivo Elton Negrão foram presos pela 14ª fase da operação lava-jato deflagrada em julho por agirem de forma mais sofisticada no esquema de corrupção e fraudes de licitações da Petrobras.
O acordo de delação foi feito em conjunto com a Procuradoria-Geral da República (PGR), por envolver políticos com foro privilegiado, como ministros, deputados e senadores, com a Procuradoria da República no Paraná e o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Em troca, a Andrade Gutierrez pretende sobreviver ao não ser proibida de fechar contratos com a administração pública caso seja considerada inidônea, julgamento que já asfixiou financeiramente outras concorrentes no passado, como a Delta Construções.
A construtora que integrou o consórcio responsável pela construção da arena mais cara da Copa do Mundo de 2014, o Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha, confessou um esquema de propina para conseguir obras federais, incluindo as do Mundial de futebol. O reconhecimento de irregularidades por parte da Andrade Gutierrez reforça as suspeitas de que as obras do Mané Garrincha foram superfaturadas.
O Mané Garrincha foi construído pelo Consórcio Brasília, formado pela Andrade Gutierrez e pela Via Engenharia. A empresa também fez parceria para a reforma do estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro; do Beira-Rio, em Porto Alegre e na construção da Arena Amazonas, em Manaus. Todos foram utilizados na Copa do Mundo do ano passado.
Na quinta-feira (27), os executivos presos da Gutierrez saíram do Complexo Médico Penal de Pinhais (PR), na região metropolitana de Curitiba, e foram levados para a Superintendência da Polícia Federal no Paraná. Lá, reuniram-se com advogados e investigadores. Um dos objetivos era delinear quais temas serão tratados em cada anexo da delação premiada que eles farão para complementar o acordo de leniência da empresa.
A notícia dando conta de que o nome de Agnelo Queiroz fora citado pela Andrade Gutierrez deixou o ex- governador do Distrito Federal assustado com o pior que pode acontecer. A prisão é a sua maior preocupação, já que tem sido uma pratica do juiz Sergio Moro ao lidar com os envolvidos que aparecem nas delaçoes premiadas. Como candidato a reeleição pelo PT, o ex-governador não chegou ao segundo turno, mas foi o candidato que mais arrecadou dinheiro para a campanha eleitoral, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Foram R$ 16.651.626 em doações de empresas, pessoas físicas e do próprio partido. Dentre os maiores doadores para a campanha petista foi à empreiteira OAS (enroscada na Lava-jato), com R$ 2,1 milhões, e a construtora Andrade Gutierrez, com R$ 2,4 milhões. Agnelo temem que na delação premiada possa aparecer o que foi dado por fora. Agora lascou.
Da Redação Radar