Quando eu era criança e encontrávamos algo perdido na rua, era comum pensar: “Não é meu nem teu, então não tem dono”. Sendo assim, estava justificado o uso do bem encontrado sem nenhum zelo ou preocupação.
Quando o achado era dinheiro, a primeira coisa que se fazia era ir à venda mais próxima e gastar tudo com bobagens, o que não era feito com a nossa “mesada”. (Maus)Costumes à parte, o que presenciamos atualmente na Administração Pública(principalmente quando se trata de recursos e patrimônio) é um comportamento similar ao supra mencionado.
O que a população em geral não entende, é que os recursos administrados pelo Governo pertence ao próprio povo, não é um dinheiro “sem dono”.
Margareth Thatcher foi uma política britânica que exerceu o cargo de primeira-ministra do Reino Unido de 1979 a 1990 e líder da Oposição entre 1975 e 1979. Foi a primeira-ministra com o maior período no cargo durante o século XX e a primeira mulher a ocupá-lo.
Thatcher também era conhecida pela alcunha “Dama de Ferro”, dada por um jornalista soviético e que a associou ao seu estilo de liderança.
Dentre os muito ensinamentos que Margaret Thatcher nos deixou, existe uma lição que os governantes brasileiros já deviam ter aprendido há muito tempo: NÃO EXISTE “dinheiro público”, EXISTE APENAS o dinheiro dos pagadores de impostos e, uma nação que taxa excessivamente os seus cidadãos, NUNCA produzirá riqueza (https://youtu.be/T39uripZCuw).
Em pleno século XXI e após vários planos econômicos, além de ter a inflação como um de seus maiores inimigos, o povo brasileiro ainda não entendeu que não existe “almoço grátis”.
Vivemos uma cultura baseada na vitimização de um povo que não se liberta do governo. Há o entendimento de que o governo tem que sustentar a população mais carente, e não a transformarem pessoas independentes.
O abuso de políticas públicas populistas onde visam apenas à manutenção no poder, transformou o Brasil num país “eternamente” do futuro. Somos ricos em tudo, menos em cidadania e espírito de nação.
Durante décadas os governos trataram com descaso o dinheiro público, por outro lado o “público” não entende que esses gastos são de “seus” recursos.
Obras desnecessárias, corrupção e desvio de dinheiro, além da falta de investimento em saneamento básico, infraestrutura e obras que não são visíveis, são apenas algumas das características de um país que não planeja seu desenvolvimento.
É logico que isso não é generalizado, somos um país continental que possui regiões com influências culturais diferentes, mas a adoração ao vitimismo e a falta de uma política educacional onde o cidadão seja preparado para não viver ¨às custas¨ dos outros, juntamente com o entendimento da real função do Estado atrasam o desenvolvimento.
Diariamente assistimos ao governo se preocupar com a arrecadação e, por outro lado, esse mesmo governo, anuncia investir em outros países. Incoerente, o que mais impressiona é o silêncio dos donos do dinheiro, sim, o povo.
O Brasil deixou realmente de ser o país do futuro e passou a ser o país do atraso. Enquanto na década de 80 a Inglaterra já era alertada para a responsabilidade da utilização dos recursos, 50 anos depois nosso governo ainda acha que pode ¨mandar imprimir mais moedas¨ e que os juros são altos por causa da vontade do BC.
Mas como esse país não é meu nem teu, vamos usá-lo sem nenhuma preocupação, afinal de contas não tem dono.
*Luiz Carlos Belém é Economista, Consultor de Empresas e Comentarista Político-Econômico. Agora no RadarDF