Decidi expor conceitos econômicos sobre lucro e preço após ouvir tolices ditas por analistas elogiando a administração da Petrobras pelos bilhões de lucro divulgado – o que mais me preocupa é a mídia que fornece microfone para divulgar esta insanidade.
Empresas de economia mista de capital aberto, tais como petróleo, energia elétrica, com preços administrados pelo governo, por mais que introduzam mecanismos de produtividade e comparação com empresas externas, produto que vendem é sempre determinado pelos custos, vale dizer, quanto mais incompetente maior é o preço, quanto mais corruptas, maior é o preço, consumidores e pagadores de impostos através da viuvona arcam com todos os custos.
Esta sistemática de precificar pelo custo afundou o socialismo, pois não gera estímulos ao desenvolvimento de tecnologia e redução de custos. Os espertos socialistas enxergaram isto e introduziram o mercado como grande avalista dos preços, enquanto os recalcitrantes capitalistas de estado continuam acreditando no preço pelo custo.
Petróleo e energia elétrica no Brasil usam esta sistemática que afundou o socialismo carregando nas costas dos pagadores de impostos uma parafernália de penduricalhos estatais.
Fora do preço de mercado não tem solução, sistemática democrática por excelência, pois é a vontade coletiva de consumir que determina o preço e não a vontade de burocratas, ou o embate de forças entre a vontade de consumir com a possibilidade de produzir.
Interferência de governo na economia é sempre um desastre, desde a definição de salário mínimo que joga fora do mercado uma legião de despreparados até o protecionismo aos produtores nacionais ou economia de compadrio.
Vamos entender este conceito – no socialismo preço é fixado em função do custo – bem ou serviço vale quanto lhe custou – valor está na mercadoria e precificar pelo mercado, bem ou serviço vale quanto lhe pagarem – valor está na cabeça do comprador.
Enxergar mérito em administrações que precificam pelo custo significa conceito distorcido de economia, este o sonho de qualquer CEO ou administrador de empresas, ter o poder de definir preço e sua receita.
Merece reconhecimento o administrador que se destaca no mercado competitivo com preços de mercado.
Ora, atuar numa conjuntura de monopólio sem competição e com poder de fixar preço de seu produto com base no custo, aí é mole, usando linguagem popular, qualquer um faz um monte de dinheiro de lucro que pode ser dobrado ou cortado ao meio sem esforço, além de ser covardia ao massacrar o consumidor.
Empresa precisa trabalhar sob pressão da concorrência para redução de custos e desenvolvimento tecnológico. Imagine a diferença do comportamento de um atleta correndo sozinho e correndo com diversos competidores.
Passou da hora do Brasil acordar e enxergar o mercado como o grande avalista do desenvolvimento. Famílias buscando comida no caminhão de lixo nunca mais.
*Ronaldo Campos Carneiro é engenheiro de produção, foi professor na USP/PUC, negociador de projetos pelo governo brasileiro junto ao Banco Mundial, BID e agências bilaterais. Escritor. Membro da ANE – Academia Nacional de Economia – acadêmico – cadeira 169. Rotariano, fundador da ABROL – Academia Rotária de Letras do Distrito Federal. Agora no RadarDF.