Radar Econômico/Opinião

Por Luiz Carlos Belém
Por Luiz Carlos Belém
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O ASSUNTO É

É muito apagão

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Com 8 meses de governo o que podemos enxergar de forma clara e efetiva de mudanças? Qual ação já começa a surtir efeito e quais as perspectivas que podemos ter dentro desse cenário?

Inicialmente, quero lembrar que durante a campanha presidencial de 2022 não vimos nenhum debate sobre propostas; toda a campanha foi realizada em cima de acusações.

O destino do país não foi tratado com o zelo necessário para que os eleitores tivessem uma prévia do que seria o ¨próximo¨ governo.

De um lado, tínhamos um presidente que buscava equalizar as contas públicas com a diminuição da máquina e dos impostos; pelo menos era o que demonstrava a gestão de Paulo Guedes, seu posto Ipiranga.

Por outro lado, um ex-presidente e candidato que falava que o governo deveria investir mais, apontava o ¨sucesso¨ de seus últimos mandatos como exemplo e não deixava claro de onde viriam os recursos para esses ¨investimentos¨.

Discurso ultrapassado e sem sustentação. Passadas as eleições, o candidato da oposição vence e coloca à frente do Ministério da Fazenda (ex-economia) seu fiel e leal militante. Diferentemente do governo anterior (onde se colocavam técnicos nos gabinetes) o atual presidente preferiu colocar seus aliados políticos.

De um lado, atitude pode até ser interpretada como algo positivo, quando falamos de fidelidade, mas, por outro lado (e o que interessa), a pauta sobre um dos temas mais sensíveis do nosso país não pode ser tratada por alguém que estudou apenas dois meses de economia. Esse nem pode ser um estagiário.

Com histórico de um governo com elevado custo da máquina, políticas populistas, críticas a setores de essencial importância no desenvolvimento de nosso país como o agronegócio, que tinha um apoio maciço ao presidente anterior.

Além de não ter um posto Ipiranga para chamar de ¨seu¨, o atual governo demora a agir e, quando age, permanece focado em desconstruir a gestão anterior, uma evidente motivação de vingança. Aprendi na vida que o que está dando certo não deve ser mexido, pelo contrário, deve ser copiado e até melhorado.

É claro que não vivíamos num país das mil maravilhas, mas era visível o crescimento e sensível melhora em vários setores, um país que viveu décadas sob a sombra do monstro da inflação não se recupera tão facilmente, inclusive após ter sobrevivido à pandemia, que quebrou meio mundo.

Passado o período de readaptação, chegou a hora de mostrar serviço, tentando desviar o foco da falta de planejamento com outros temas ainda do processo eleitoral, o governo tentou aprovar a toque de caixa uma reforma fiscal indefinida, redução nos preços dos automóveis(que foi um fiasco), falta de controle da inflação que se encontra galopante, e vários problemas internos(acordos políticos não honrados por causa da existência de cargos suficientes para todas as suas promessas), tudo isso, aliado a uma insegurança jurídica antológica, desacelerando a economia e provocando um aumento da carga tributária no intuito de fechar as contas do governo, que ainda não pode emitir dinheiro. Pelo menos era o que pensava o candidato vencedor.

O aumento de imposto gera crise; a crise gera o aumento de imposto? Sim! quando não existe planejamento e temos uma Estado pesado e ineficiente. Existem países que possuem uma alta carga tributária, mas a sociedade usufrui de saúde, educação, segurança e tudo o que é essencial.

Aqui no Brasil não temos isso; a máquina consome mais de 80% do que arrecada apenas para existir, ou seja, ela só serve para ela mesma. É uma característica de governos de esquerda o aumento do Estado e esse modelo tem se mostrado um grande fracasso principalmente na América Latina (Venezuela, Argentina e outros países amargam crises profundas).

Governos populistas que vendem a imagem de potencial diminuição das diferenças sociais, estão destruindo seus países. De fato, reduziram a diferença. Não aumentando o salário dos que ganham menos, mas diminuindo daqueles que ganham mais um aumento da pobreza que pode ser irreversível a médio prazo. Triste realidade.

Essa semana tivemos um apagão em quase todo o país cujas causas continuam sendo investigadas. Esse tipo de problema que já aconteceu várias vezes nos últimos anos, volta a preocupar os brasileiros.

Bilhões de reais em prejuízos para as empresas e, como se já não bastasse a crise que estamos enfrentando, agora mais essa: apagão de energia, depois do apagão constitucional, do apagão moral, do apagão democrático, do apagão da liberdade de expressão, do apagão do jornalismo sério, do apagão do desenvolvimento econômico e do apagão da gestão; agora temos que conviver no escuro, literalmente!

*Luiz Carlos Belém é Economista, Consultor de Empresas e Comentarista Político-Econômico. Agora no RadarDF

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