Ao se recolher neste sábado no Palácio da Alvorada, após a saída de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, o presidente Bolsonaro, recebeu a visita de vários aliados na residência oficial. O presidente disse que já não confiava em Moro e que ele estava usando o cargo de ministro, visando à Presidência em 2022.
Os visitantes foram: o deputado Otoni de Paula (PSC-RJ), o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Jorge Antônio de Oliveira Francisco. O secretário de assuntos fundiários do Ministério da Agricultura, Nabhan Garcia; o secretário da Secretaria Especial de Comunicação Social, Fábio Wajngarten e o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), General Augusto Heleno .
O entorno do presidente aponta uma série de motivos para o desgaste com Moro, além da falta de manifestação pública de apoio a Bolsonaro na crise do coronavírus.
O desgaste aumentou após o então ministro defender indiretamente as medidas sanitárias recomendadas pelo Ministério da Saúde.
No último dia 2 de abril, Rosangela Moro, mulher de Sergio Moro, chegou a postar no Instagram uma foto e uma mensagem de apoio a Mandetta, que abrira franca divergência em relação a Bolsonaro.
Aliados do presidente lembram que Bolsonaro apoiou Moro quando veio à tona o teor de conversas comprometedoras em relação à Operação Lava Jato reveladas pelo site The Intercept Brasil.
Ressaltam que Bolsonaro levou o ministro até a um estádio de futebol, (Estádio Nacional de Brasilia) , em um demonstração pública de solidariedade e reclamam que o ex-juiz não tenha retribuído o gesto durante o embate com Mandetta.
Aliados reclamam ainda do desalinhamento de Moro com a agenda do presidente no que diz respeito aos costumes, como a opção por desarmamentistas para o comando do Sinarm (Sistema Nacional de Armas), responsável pelo controle de armas de fogo na população, e a nomeação, depois revogada, da cientista política Ilona Szabó para assumir uma suplência no Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária.
Outra queixa refere-se ao fato de o então ministro ter optado por esquerdistas –na concepção dos aliados do presidente– para os tribunais regionais eleitorais.
Os TREs contam com dois advogados em sua composição, cujos nomes são escolhidos pelo ministro da Justiça dentro de uma lista tríplice apresentada pelos tribunais.
Com sete integrantes, os tribunais eleitorais se debruçam, por exemplo, sobre os conflitos entre candidatos e processos eleitorais.
Aliados do presidente estavam contrariados com os nomes aprovados pelo Ministério da Justiça.
O entorno do presidente afirma que Moro não dava crédito ao presidente da República ao anunciar ações nas redes sociais.
Na avaliação de aliados de Bolsonaro, está evidente o desejo de Moro de concorrer à Presidência em 2022. Um sinal seria a relação com o senador Álvaro Dias (Podemos-PR), com quem Moro viajava nas noites de domingo de Curitiba a Brasília.
Chegou aos ouvidos do presidente, por intermédio de um amigo, o rumor de que Moro e Álvaro Dias teriam jantado, há duas semanas, para discutir a candidatura do ex-juiz à Presidência.