|Por Toni Duarte||RADAR-DF
O ministro da Saúde Luiz Mandetta resolveu declarar guerra política contra o presidente da República, Jair Bolsonaro, com o olho voltado para 2022. Encastelado no Palácio das Esmeraldas, sede do governo goiano, comandado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM), Mandetta mandou recado ao presidente pelo programa Fantástico da Rede Globo levado ao ar na noite de ontem, domingo (12).
Antes de estourar a pandemia do Covid 19 no Brasil, apenas o Mato Grosso do Sul, por onde foi deputado federal por duas vezes, sabia quem era Luiz Henrique Mandetta (DEM), atual ministro da saúde do governo Bolsonaro.
No entanto, a ampla exposição na TV e em todos os noticiários, sobre a maior pandemia do século, o ministro da saúde tornou-se figura notória de norte a sul do país.
Navegando em águas turvas e tenebrosas da Covid-19, que provocou mais 99 mortes no Brasil nas últimas 24 horas e, neste domingo, subindo para um total de óbitos para 1.223 no país, o médico ex-1º tenente no Hospital Central do Exército foi picado pela mosca azul.
Até esqueceu da promessa feita em 2018 quando abandonou a política com a justificativa de ficar mais tempo com a familia. Coisa de candidato quando sabe previamente que não vai conseguir se reeleger.
Na entrevista gravada no sábado (11), ao programa Fantástico da TV Globo, armada dentro do Palácio das Esmeraldas em Goiânia, o ex deputado federal e ministro Mandetta revelou ao país o que realmente pretende: ele quer o lugar do chefe em 2022 e força a sua demissão.
Incentivado pelo governador Ronaldo Caiado (DEM) e pela Globo, o ministro da saúde fez um discurso de reprovação contra o presidente Jair Bolsonaro.
O ministro disse: “Ele [brasileiro] não sabe se escuta o ministro ou o presidente”, afirmou Mandetta ao programa da Globo. Ele criticou a visita que o presidente fez a uma padaria em Brasília.
É consenso dentro do Palácio do Planalto e dentro do próprio Ministério da Saúde que Mandetta foi longe demais ao forçar a sua própria demissão. Apoiadores do presidente afirmam que o ministro quer aparecer como herói nacional.
Mandetta é contra o uso da hidroxicloroquina no combate ao Covid 19, ponto de discórdia com o presidente Bolsonaro que defende o uso do remédio.
Governadores de oposição da Bahia (PT), Piauí (PT) e Ceará( PT) estão na mesma linha de Bolsonaro quanto a liberação do medicamento nos seus respectivos estados.
No Palácio do Planalto há um indicativo de que Mandetta já é um ministro demitido. Perdeu a condição e o poder de mando dentro do Ministério que dirige. Por isso se aliou a alguns governadores que fazem oposição ao Planalto como o de Goiás.
A entrevista dele no Fantástico deste domingo foi reprovada por muitos, inclusive pelo General Braga Netto Ministro-Chefe da Casa Civil.
O general chegou a interceder pela manutenção de Mandetta no governo quando ocorreu o primeiro bate-boca entre ele e o presidente há oito dias.
Nos bastidores da política de Goiás, há quem afirme que Mandetta já tem garantido o cargo de secretário de saúde de Caiado, e que é candidato em uma dobradinha com o governador à Presidência da República em 2022.
Não é à toa que o ministro está dando todo o apoio operacional para um hospital de campanha que está sendo montado em Águas Lindas de Goiás.
Também teria intermediado junto ao governo Chinês a liberação rápida de 40 toneladas de máscaras que desembarcaram na última terça-feira no aeroporto de Brasília.
A transação foi feita pela Nutriex. A empresa fará a doação das máscaras chinesas a população do estado. Como se vê, Mandetta quer ficar bem na fita quando a doença passar.