|Da Redação||RADAR-DF|
Os praças da Polícia Militar do Estado do Ceará vão continuar paralisados, apesar das pressões feitas pelo governador petista Camilo Santana. Ele enviou nesta sexta-feira (28), uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), que proíbe expressamente a concessão de anistias administrativas para policiais militares que promoverem motins no Estado.
A medida do governador Camilo Santana sinaliza um endurecimento ainda maior do governo estadual contra os policiais militares que se encontram há 11 dias parados.
O motivo está nos péssimos salários pagos aos combatentes que enfrentam a bandidagem e protegem a sociedade.
O “Não” da PM fez com que o governador apelasse, mais uma vez, ao presidente da República, Jair Bolsonaro, para manter as Forças Armadas no Estado do Ceará, cujo prazo de oito dias havia terminado hoje.
O presidente decidiu manter a GLO (Garantia da Lei e da Ordem), mas voltou a reiterar que não será para sempre.
Bolsonaro voltou a insistir para que o governador petista resolvesse a sua pendenga com a PM.
Ninguém sabe como vai acabar a dramática situação travada entre os policiais militares e o governo do Estado.
Uma nota publicada nesta sexta-feira (28), pela Associação dos Militares Estaduais do Brasil (AMEBRASIL), aponta que a carreira policial é uma atividade extremamente desgastante.
Segundo a nota em 2018 ocorreram 104 suicídios de policiais e 393 assassinados na mesma série histórica. A Polícia Militar cearense faz parte dessa triste estatística.
Esses números, segundo ainda a nota da AMEBRASIL, confirmam o nível absurdo de stress a que esses profissionais estão submetidos.
“Outro ponto crucial é a excessiva carga de trabalho que os policiais são forçados a cumprir pela natureza da profissão. Praticamente, não têm direito a lazer nem tempo de convívio com suas famílias. A saúde física e mental desses profissionais e seus familiares são, via de regra, negligenciadas pelo Estado”, destaca o Coronel PM aposentado Wellington Corsino do Nascimento, presidente da entidade.
Ele afirma que o clima de desalento produzido é ainda mais grave do que a percepção de baixos salários em que alguns governadores acham que o policial não deve ser decentemente remunerado e ter condições dignas de trabalho.
“Passou da hora de compreender que os policiais militares não são máquinas e tampouco os políticos e governantes sejam deuses. A crise na polícia cearense vem de longa data e pode permanecer por muito tempo depois dos infelizes acontecimentos em Sobral”, prevê o presidente da AMEBRASIL.