O mundo mudou, teremos novos tempos, novos comportamentos e um olhar mais ético para o consumo. E com a moda isso não seria diferente.
Coleções de grandes grifes, nacionais e internacionais, já estão sendo redesenhadas e reformuladas de uma maneira totalmente diferente do ritmo frenético que os ateliês vinham fazendo nos últimos tempos. Agora os designers produzem seus croquis em home office. Não só as suas produções, mas também os desfiles, lançamentos de coleções e toda sua cadeia produtiva mudará.
Muitas marcas já estão reavaliando seus calendários e aproveitando melhor os suprimentos. Com certeza uma maneira mais sustentável de consumir está nascendo.
Os padrões de consumo aceitos anteriormente, e até mesmo estimulados até poucos meses atrás, cada vez se encaixam menos a essa nova realidade. Marcas de luxo que queimavam estoques para manter o preço dos seus produtos no mercado ou mesmo fábricas que mantinham crianças/adolescentes na sua cadeia produtiva já eram exemplos de modelos que, apesar de ainda se manterem, estavam totalmente desconectados com os novos valores exigidos pela sociedade. Agora então, se encaixam menos ainda com as novas ideias que o mercado exige. Princípios como sustentabilidade, consumo consciente, trabalho digno e o descarte apropriado de detritos também devem ser tendências.
Slow Fashion
Tendo essas novas premissas como norte, abre-se um caminho cada vez mais fortalecido para o movimento Slow Fashion. Esse termo, que ao pé da letra significaria “moda lenta”, é um conceito nascido em 2004 que se colocou no extremo oposto ao pregado pelo consumismo desenfreado. Nesse contexto ele parece crescer com ainda mais força, especialmente por valorizar a ética não só no consumo mas também em todas as etapas que envolvem o processo produtivo.
O Slow Fashion ainda consegue abrir espaço não só para os pequenos empreendedores, mas também para aqueles produtores eventuais que durante a pandemia descobriram a moda como uma chance de refúgio. É o caso da aposentada Marluce Fernandes de 68 anos, que produz artesanalmente bolsas de crochê e relata: “Está sendo uma terapia ocupacional. Estou ocupando o meu tempo tranquila e feliz, além de concluir um belo trabalho”.
Novo normal
Além de impulsionar movimentos como esse, o período de isolamento ofereceu novas experiências de consumo. As pessoas passaram a experimentar novos hábitos e principalmente outros modelos de compras que atendessem suas demandas. Muitas delas compraram pela primeira vez no formato on-line e perderam o medo. Outras experimentaram algum novo restaurante, loja ou tipo de delivery que ainda não conheciam. Pesquisas recentes da ABCOM – Associação Brasileira de Comércio Eletrônico – mostraram que o comércio eletrônico deve crescer 18% esse ano e pode movimentar até R$ 106 bilhões. De acordo com a entidade, marketplaces, microempresas e compras pelo celular são os principais fatores que vão contribuir para esse resultado. E certamente a moda não estaria fora desse universo, onde a Internet vem sendo cada vez mais protagonista.
O mais incrível é que as mudanças que estão ocorrendo não são exclusividade das grandes grifes, mas também em nós mesmos. Se antes do isolamento você se arrumava para ir ao trabalho, para uma festa ou para encontrar amigos, agora você se arruma para você! O papel da roupa nesses novos tempos é fazer você se sentir bem consigo mesmo. De certa forma, parece que voltaram ao seu lugar os valores que foram alterados durante anos de consumo desenfreados. E que o “novo normal” ( termo usado em referência aos novos hábitos pós-pandemia) não vai ser tão ruim assim, ao menos do ponto de vista da moda.
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