Radar/Opinião

Por Toni Duarte
Por Toni Duarte
Editor-chefe do Radar DF
O ASSUNTO É

Cícero da Hora: A voz literária da Ilha encantada dos lençóis maranhenses

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No coração de São Luís, onde os casarões coloniais do Reviver sussurram histórias de um passado, Cícero da Hora, jornalista maranhense de 72 anos, tece sua própria narrativa, entrelaçada com a alma do Maranhão.

Com 51 anos de militância no jornalismo, iniciada nas páginas inquietas do jornal alternativo “A Ilha”, Cícero foi um eco da resistência, inspirado pela verve crítica de publicações como O Pasquim, fundado por mentes brilhantes como Jaguar, Tarso de Castro, Sérgio Cabral e Ziraldo, e Opinião, de Fernando Gasparian.

Sua pena, afiada pela luta contra a ditadura militar, capturou o pulsar de uma era.

Em 1978, como repórter, Cícero mergulhou no epicentro da greve dos metalúrgicos no ABC Paulista, testemunhando o nascimento de uma liderança que mudaria os rumos do Brasil: Luiz Inácio Lula da Silva, então um jovem operário que viria a fundar o PT e, décadas depois, ascender à presidência da República.

A experiência no ABC foi mais que uma cobertura; foi um marco que moldou a visão do jornalista Cícero, um observador incansável das lutas e dos sonhos coletivos.

Hoje, sua trajetória ganha novas cores com o livro “Ilha de Lençóis e seus Encantos”, cuja primeira edição esgotou-se rapidamente, levando-o a lançar uma segunda, celebrada no coração do Reviver, em São Luís.

A obra, fruto de um ano e três meses de pesquisa, desvenda a Ilha de Lençóis, em Cururupu, um acidente geográfico de beleza quase mítica, que Cícero compara, com ousadia, ao célebre Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.

“É praticamente inacessível, e isso faz bem”, diz ele, com um brilho nos olhos que reflete o orgulho pela terra que canta em suas palavras.

A narrativa do livro é atravessada por uma lenda que pulsa na memória da baixada maranhense: a do Rei Dom Sebastião, o monarca português que, segundo a tradição local, estaria encantado na Ilha de Lençóis, junto à sua corte, após a derrota na batalha de Alcácer Quibir, em 1578.

A lenda, trazida por um português monarquista em 1912, enraizou-se na alma dos ilhéus e se espalhou, como as marés, por toda a região.

Cícero, com sua escrita envolvente, transforma essa história em um convite irresistível aos turistas que, nesta época do ano, lotam o centro histórico de São Luís, fundado pelo nobre francês Daniel de La Touche, Senhor de La Ravardière.

Escolhendo a Praia Grande adornada por casarões do século XIX para o relançamento de sua obra, Cícero mira os viajantes ávidos por desvendar os segredos do Maranhão.

O livro, que já conquistou espaço nas bibliotecas de 53 municípios maranhenses, graças à iniciativa de um livreiro visionário, é mais que uma ode à Ilha de Lençóis; é um testemunho do amor do jornalista por sua terra e sua gente.

Entre os casarões que guardam o passado e o fervor dos turistas que animam o presente, da Hora encontra seu público, oferecendo uma história e um pedaço vivo da alma maranhense.

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