Como um brasileiro conservador e trabalhador, nos últimos tempos, a política não me tem dado prazer, chego a ter, mesmo, uma sensação de desânimo. As poucas alegrias nascem nos EUA, pela ação do meu vingador predileto, Donald Trump.
A coisa é tão assustadora que a verbalização dessa minha torcida poderia ser origem para uma prisão preventiva, enquadrado em qualquer verborragia delitiva, independentemente de ser ou não constitucional, ou ser ou não, criminal, ou eu ter direito real de defesa, coisa caminhando para o desuso no Brasil.
Mas não falarei mais de Brasil, é perigoso demais e, para esse, restam somente as minhas orações, falarei, sim, de uma Iracema, que nada tem a ver com José de Alencar, mas que vale, necessário dizer: VALE.
Essa senhora, Iracema vale, é a presidente de algo denominado Assembleia Legislativa do Estado do Maranhão.
Sem querer ser injusto com a memória e história, conheci diversos presidentes desse legislativo, a começar por um que repetiu a façanha muitas vezes: Ivar Saldanha.
Posso lembrar, sem rigor histórico doutros: Nagib, José Elouf, Manoel Ribeiro, Tatá Milhomem, Marcelo Tavares, João Evangelista, entre tantos.
Sem desejar cometer injustiças, tive relações próximas com João Evangelista e Manoel Ribeiro.
João, um amigo do tempo das vacas magras, compartilhamos a Câmara Municipal de São Luís e, com sua liderança, fiz um projeto social, no bairro Ilhinha (São Francisco), de alto alcance, que, infelizmente, morreu no meio da travessia da maledicência política.
De Manoel Ribeiro, posso afirmar ser ele um dos poucos políticos de palavra e compromisso, que tive a oportunidade de conhecer. Manoel faz falta na política do Maranhão.
Mas voltemos para a Vale, que entendo que vale: Iracema Vale. Não a conheço pessoalmente e asseguro que, caso a encontre, em um shopping, por exemplo, fatalmente não a reconheceria.
Doutro modo, não tenho a menor relação política com ela, nunca votei nela, ela não precisa de mim e nem eu preciso dela.
Portanto, tudo que eu falar é determinação de minha percepção, desprovido de qualquer tipo de interesse santo ou subalterno.
Acho essa senhora um belo ícone, dentro do lamaçal chamado política do Maranhão. Nunca adentrarei, nessa análise, nessa nauseante ideologia de gênero e de cotas, se for negro vale, se não, não vale; se for mulher vale, se não, não vale, entendo que Iracema Vale, de fato, vale.
É a primeira mulher presidente, em quase 200 anos e, caso eu fosse uma ativista do feminismo, proporia um monumento relativo a esse feito: parece que inexiste essa proposição. O ativismo feminista tem lado e, com certeza, Iracema Vale não faz parte de um dos lados.
Acompanho os acontecimentos relativos a política do Maranhão e espanta-me que, de repente, mais que de repente, aconteceu um milagre, nunca dantes existente: o Maranhão passou a ser um cliente preferencial da Justiça Brasileira, perde em frequência, talvez, somente para o Bolsonaro.
Nem imagino o porquê, e como sou um inexperiente, quem sabe, um inocente, acho que é somente uma casualidade.
Tanta casualidade que uma parte dos percalços jurídicos da nobre deputada, de maneira absolutamente casual, posto que estão em mãos conhecidas por todos nós. Casualidade e sorteio são, por definição, justos e eu acredito em justiça e nem tanto na justiça.
Nesse per si de judicialização do Maranhão, a deputada Iracema Vale está no epicentro da pior maneira: perseguida, dia após dia, de maneira dura, cruel, sorrateira e desonesta.
E uma pergunta me aparece: onde estão os defensores de mulheres perseguidas? São defensores de ocasião, ou recebem um comando alienígena, que não ousa se apresentar?
Como nos ensinou Platão, a realidade vivida é ilusória, pois as coisas reais estão no mundo das ideias.
A perseguição que a deputada Iracema Vale sofre é real, mas o perseguidor conhecido é tão insignificante, que não me dou a desídia de citar o seu nome e, se existe, é a sombra do Mito da Caverna.
O perseguidor real, acredito, está transitando por outros caminhos, quem sabe, em algum gabinete.
Finalmente, volto para a deputada Iracema Vale para ressaltar a sua inteligência emocional. Ela conhece do riscado da política, foi vereadora, prefeita, líder popular, deputada e tem qualificação, decerto, para ser mesmo governadora do Maranhão.
Nessa perseguição diabólica que sofre, não perde a calma e a compostura e isso é o que mais incomoda aos trânsfugas do bom senso e seriedade, que sonhavam com um comportamento desastroso da deputada. Deram com os burros na água: Iracema sinonimiza prudência, coerência e altivez.
Mas creio que essa questão se aproxima do seu desiderato, apesar de minha crença na justiça ter o valor de uma moeda de 03 reais, ainda creio que Iracema Vale vencerá. Vamos torcer, o Maranhão precisa de pessoas com seriedade e, nesse particular, se a seriedade vale o seu nome e sobrenome é Iracema Vale.
Em tempo: Por notícias de agora, a vida não está agradável para os que nominei, carinhosamente, de “trânsfugas do bom senso e seriedade”.
*João Bentivi é médico otorrinolaringologista, legista, jornalista, advogado, professor universitário, músico, poeta, escritor, mestre em Meio Ambiente (Universidade CEUMA) e doutor em Administração, pela Universidade Fernando Pessoa, Porto, Portugal.