Radar/Opinião

Por Alberto Pessoa
Por Alberto Pessoa
* Alberto Pessoa é jornalista maranhense, poeta, escritor.  É ocupante da cadeira n° 27 da Academia Aguaslindense de Letras e membro do Instituto Histórico e Geográfico de Caxias-MA.
O ASSUNTO É

Medo e delírio em Las Vegas: o livro

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Medo e delírio em Las Vegas: uma jornada selvagem no coração do sonho americano, escrito pelo jornalista norte-americano Hunter S. Thompson, traduzido para o português e publicado pela Editora Conrad, 2007.

Editado originalmente nos Estados Unidos, em 1971, marcando o estilo gonzo de jornalismo, o autor descreve com fidelidade o mundo perigoso das drogas, desmistificando o sonho americano, cujos subterfúgios proporcionados pelos efeitos alucinógenos, com pico no final dos anos 60.

Na realidade, eram caminhos sem volta, tal qual fica claro na conclusão do autor, que contracena no próprio episódio.

A obra é considerada um marco na literatura jornalística, por entranhar-se nas discussões americanas a respeito da cultura das drogas.

Cita John Lennon, Nixon, FJK e outras figuras importantes, atores da infinita polêmica sobre o assunto. Um novo gênero de reportagem. O autor empurra o leitor para o desfecho, com um estilo simples, jornalístico.

Doutor em jornalismo, repórter de jornais e revistas americanas, Thompson foi escalado por uma revista de Los Angeles para cobrir uma pauta importante em Las Vegas: um evento automobilístico que reunia motocicletas e carros potentes.

A Mint 400, além de uma clientela ávida para gastar dinheiro, entre drogas jogos e prostituição, atraia também jornalistas do mundo inteiro.

O autor inicia o seu relato a partir do momento em que, juntamente com o seu advogado pegam a estrada, em um conversível, para Las Vegas, munido de diversos tipos de drogas, que seriam consumidas durante o trabalho, eles cortam o deserto em uma “viagem” alucinante.

Tocados pelos efeitos da mescalina, maconha, cocaína, LSD, bebida alcoólica, éter e outras substância entorpecentes, o jornalista e seu advogado maluco, conseguem chegar ao evento a tempo de receberem as credenciais, mesmo após sequências de momentos alucinantes e fora dos padrões convencionais.

Por achar que não conseguia acompanhar de perto a competição esportiva a que foi pautado, o jornalista e seu advogado deram continuidade ao consumo exagerado de drogas, promovendo imagens e atitudes que só poderiam ser motivadas por drogas.

Gastaram todo o orçamento da revista e mais, com astronômicas despesas com cartões de créditos vencidos e cheques sem fundos.

Usando nomes falsos, os profissionais buscavam em seus devaneios e peregrinação pela cidade dos cassinos, da droga e da contravenção, o sonho americano, cujo teor possa ter sido esfacelado com a dinâmica do processo histórico e social do país.

Ora com dinheiro, ora sem dinheiro, mas sempre sobre o efeito de drogas, os dois visitantes conheceram os principais pontos turísticos da cidade e debocharam da cara de todos.

Entretanto, o jornalista teria de ajustar as suas informações para conseguir cumprir a pauta. Nos momentos de coerência o jornalista trazia os fatos para a realidade e se enterrava em paranoias, em face às suas peripécias.

Ao final, quando pensava que tudo ia acabar, o jornalista recebeu a informação de que seria um dos participantes de uma conferência sobre combate a drogas, promovida pela polícia, ainda em Las Vegas.

Sempre drogado e acompanhado do advogado, o autor se credencia, mas prefere as ruas a ter de ficar entre mais de1500 policiais.

Envolvendo-se em outras trapalhadas o repórter consegue terminar a missão jornalística na cidade e retornar para Los Angeles.

Agora sobre os efeitos da ressaca geral, ele desabafa sobre aquela juventude que se drogava: “Uma geração de mutilados permanentes, fracassados, que nunca compreenderam a falácia mística da cultura das drogas.

“O melhor livro já escrito sobre a década das drogas”, publicou o The New York Times Book Review. Billboard, comenta: “Captura com perfeição o espírito da era que sucedeu a década de 60”. O jornal The New York Time, reservou o seguinte comentário sobre a obra de Thompson: “Uma pessoa enlouquecida, corrosiva e poética, que aborda aquilo que o sonho americano de Normam Mailer deixou de lado e explora o que Tom Wolfe preferiu deixar de fora”.

Em manifestação Rollin Stone declara: “O medo e o delírio sobre os quais Thompson escreveu não eram apenas seus, ele também deu vozes ao pensamento de uma geração que estabeleceu ideias elevadas e que naquele momento se chocavam contra os muros da realidade americana”. Um livro de aventuras, delírios e realidade.

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