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Por Luiz Carlos Belém
Por Luiz Carlos Belém
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Polônia, um a prova de que o comunismo não funciona

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A Polônia é hoje um dos países mais bem-sucedidos da Europa economicamente e vem crescendo há décadas. Anos atrás, nos tempos do socialismo, a Polônia era um dos países mais pobres da Europa.

Em 1989, um polonês que trabalhava por U$ 50 por mês ganhava apenas um décimo do que ganhava um alemão comum e, mesmo assim, quando ajustado para o poder de compra, significava menos de um terço.

Os poloneses eram mais pobres do que os ucranianos na época, e o PIB per capita era apenas metade do da Tchecoslováquia. A inflação foi de 260% em 1989 e 400% em 1990 e foi o único país do Bloco Socialista Oriental que declarou falência formalmente.

A Polônia se tornou um exemplo para a economia mundial por vários motivos. Com a transformação do sistema socialista ao mercado livre,a economia polonesa vem se desenvolvendo de forma constante e consistente há 30 anos .

Desde o início da transição pós-comunista em 1989, a economia da Polônia cresceu mais do que em qualquer outro país da Europa. O PIB per capita aumentou quase duas vezes e meia, superando todos os outros estados pós-comunistas, bem como a zona do Euro.

Para se ter uma ideia, no início dos anos 90 o PIB per capita polonês era próximo de US$ 1,6 mil, enquanto o brasileiro era próximo dos US$ 8 mil, e o russo, cerca de US$ 10 mil. Hoje o PIB per capita polonês é de cerca de US$ 27 mil, enquanto o Brasil e a Rússia patinam na faixa dos US$ 11 mil.

As reformas capitalistas consistentes fizeram com que o padrão de vida na Polônia aumentasse significativamente. Essas reformas foram implantadas de forma radical, o recente passado comunista serviu de exemplo de um modelo ineficiente e falido.

Não foi apenas a economia que mudou; o pensamento e comportamento da sociedade também. A pobreza, corrupção e falta de oportunidade foram os alicerces para uma mudança de rumo.

O trabalho de líderes políticos não deve ser subestimado; Leszek Balcerowicz, o economista liberal, foi Ministro das Finanças no primeiro governo democrático da Polônia, eleito em 1989. Ele também foi presidente do Banco Nacional da Polônia (2001-2007) e duas vezes vice-primeiro-ministro da Polônia (1989-1991 e 1997-2001).

Balcerowicz desenvolveu um programa de reformas capitalistas que mais tarde foi chamado de “terapia do choque”. “O programa de reforma”, estava entre os programas de reforma econômica mais radicais já implementados em tempo de paz na história global.

A primeira medida, que ficou conhecida como regra de Balcerowicz, foi radical: Qualquer empecilho às atividades empreendedoras foram removidos, o governo literalmente convidou a população a ir às ruas e vender o que quisesse, onde quisesse e ao preço que quisesse, sem nenhuma regulamentação.

De uma hora para a outra, as ruas das principais cidades polonesas estavam cheias de bancas, com pessoas vendendo seus produtos e serviços livremente; dessa forma o governo combateu a escassez e a inflação, acabou com a dependência estatal da população e criou uma geração de empreendedores, que se tornaram os empresários na Polônia capitalista.

Além dessa quebra de paradigma, outras medidas macroeconômicas foram tomadas pelo governo polonês: Políticas monetárias restritivas, diminuindo a oferta de dinheiro e aumentando a taxa de juros acima da inflação, deixando de imprimir dinheiro para cobrir o déficit fiscal; medidas de austeridade para reduzir o déficit público, principalmente cortando subsídios e isenções de impostos; eliminação de qualquer controle de preços; liberalização do comércio exterior, derrubando barreiras alfandegárias, deixando de proteger a “indústria nascente” e encorajando investimento estrangeiro no país e também a privatização de estatais, através de leilões ou de venda direta.

As medidas causaram um choque econômico inicial, o desemprego disparou, o governo sofreu severas críticas, mas continuou firme em seu propósito de liberalização econômica, e por volta de 1993, a economia polonesa voltou a crescer, o PIB começou a se recuperar, a inflação e o desemprego também baixaram e a economia começou a crescer de forma sólida ano após ano, até chegar à situação atual. O investimento em educação foi tomado como prioridade desde a redemocratização, sendo a Polônia uma das líderes no ranking PISA no contexto mundial.

Como se vê, ao contrário do Brasil, que sempre procurou combater as crises com medidas anticíclicas como diminuição dos juros, aumento do crédito e subsídios a setores da economia, a Polônia buscou o caminho mais duro e menos popular, mas acabou conquistando um crescimento sólido, enquanto nosso país vive de voos de galinha seguidos de crises crônicas.

A Polônia é um excelente exemplo de como o socialismo é um câncer e seu modelo não funciona, e quão bem-sucedidas essas ideias frequentemente criticadas como “neoliberais”, podem ser. Espero que os poloneses de hoje não se esqueçam das razões de seu sucesso econômico e do seu passado sombrio

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